artigo atualizado: hora original 23:45, 29-03-2018

«4x4x3» é um espaço de análise técnico-tática do jornalista Nuno Travassos. Siga-o no Twitter.

Fernando Santos não se queixará de falta de opções para o «miolo», mas (também aí) o momento de forma de alguns jogadores levanta dúvidas, comprovadas nos particulares com Egito e Holanda.

E se Renato Sanches está fora dos planos há um ano, outras figuras do título europeu andam distantes do nível então apresentado, como Adrien, André Gomes ou João Mário. Opções tanto para a zona central como para o papel de falso ala de que o selecionador raras vezes abdica (e que por vezes até lança em dose dupla).

A distância para 2016/17 também tem afastado Pizzi da discussão, mas em contrapartida Fernando Santos recuperou Manuel Fernandes e promoveu Bruno Fernandes. E embora tenha sido o médio do Lokomotiv a jogar como ala no último ensaio, é o internacional do Sporting que parece reforçar aspirações com as tais dúvidas em torno de Adrien, André Gomes ou João Mário.

Com a versatilidade já comprovada, Bruno Fernandes pode assumir essa missão apreciada pelo selecionador: jogar a partir da ala, mas com incursões constantes no corredor central. Com a clarividência necessária para equilibrar a equipa, mas também com inteligência para “colar” os setores, para ligar a construção à definição. Até pela capacidade de finalização, superior à de Adrien, André Gomes ou João Mário.

É verdade que Bruno está mais habituado a fazer este papel no lado direito, e para aí Fernando Santos tem opções de perfil diferente, como Bernardo ou Gelson (para além de Quaresma, que já esteve no Euro), mas a maturidade tática por certo facilitaria uma eventual colocação no flanco oposto.

P.S. – a derrota com a Holanda recuperou dificuldades antigas da Seleção, algumas das quais já evidentes há dois anos, pelo que seria descabido mudar a expectativa para o Mundial só por causa do jogo de Genebra. Tão descabido quanto riscar já a Argentina do lote de candidatos, só por causa da goleada em Madrid. Já vi uma potência sul-americana qualificar-se de forma aflitiva, ter uma convocatória marcada por polémicas (algo que se debate também com Sampaoli) e acabar com o troféu na mão.