«4x4x3» é um espaço de análise técnico-tática do jornalista Nuno Travassos. Siga-o no Twitter.

Ainda não foi desta que o Sp. Braga foi campeão, um desejo reforçado internamente para assinalar o centenário do clube, em 2021. O emblema minhoto não conquistou nenhuma taça e até pode nem conseguir intrometer-se entre os «grandes» na tabela classificativa da Liga, mas ainda assim o balanço da época só pode ser positivo.

Com 75 pontos à entrada para a última jornada, foi até batido o recorde pontual do clube, que reportava a 2009/10 (71 pontos), embora num campeonato com apenas 30 jornadas.

Abel está de parabéns por aquela que foi – convém lembrar – a sua primeira temporada a treinar no principal escalão. Apresentou resultados, e ainda para mais a praticar um futebol atrativo, que valoriza o clube e os jogadores que integraram um plantel construído com muito equilíbrio. Basta pensar no rendimento apresentado por Raúl Silva, na notável temporada de Ricardo Esgaio, que não se deixou abalar pela saída do Sporting, e a surpreendente campanha de Paulinho, provavelmente o melhor marcador português da Liga (parte para a última ronda com dois golos de vantagem sobre Bruno Fernandes).

A temporada bracarense voltou a ficar muito marcada por lesões (Marafona, Ricardo Ferreira, Fransérgio ou Wilson Eduardo), mas Abel fez bom proveito dos recursos à sua disposição. E quando pensamos ainda na influência assumida também por jogadores como Matheus ou Ricardo Horta, por exemplo, torna-se difícil eleger uma figura maior.

Há quem defenda que é essa “estrela” incontornável que carrega as equipas para um patamar superior, mas o campeão FC Porto até veio contrariar essa teoria, por mais impressionante que tenha sido a campanha de Marega. Isso por vezes é sintoma de um plantel desequilibrado, e isso o Sp. Braga não teve/tem.

Mas falar de desequilíbrio é falar do único aspeto negativo da campanha do Sp. Braga. Um mau sinal para a Liga, e não propriamente para o emblema «arsenalista». É que ao andar tão colada aos três crónicos candidatos ao título, a equipa de Abel Ferreira “destapou” o fosso existente no principal escalão, deixando quase trinta pontos de distância para o quinto classificado. E já é tempo de se perceber que a forma de lidar com este buraco não é esperar que alguns clubes façam de ponte.

O Sp. Braga quer mais do que isso, e ainda bem.