Desde 2008 que a atribuição do troféu destinado ao melhor jogador mundial é uma espécie de «vira o disco e toca o mesmo»: ganhou Cristiano Ronaldo, com as cores do Manchester United, seguiu-se um «poker» de Messi, para depois bisar CR7 de «blanco» vestido, quase ficando a sensação de que não há mais futebolistas à face da Terra. Há, só que não acredito que na sessão de segunda-feira, em Zurique, Neymar seja capaz de contrariar a previsão: de que será Messi a conseguir pela quinta vez o tão desejado troféu.

Desta vez – e como gostaria de estar enganado, pois assumidamente adepto do futebol de Ronaldo não sou estúpido ao ponto de não reconhecer que o argentino é, igualmente, de outra casta – tudo aponta no sentido de que seja o capitão da Argentina a conquistar o troféu. Em boa verdade, Messi (e esta ideia até pode ser entendida como um sacrilégio…) individualmente «limitou-se» a poucos feitos…

Chegou à marca mítica dos 500 jogos com as cores «culé» - em rigor, no momento em que escrevo este texto, são 501 «partidos» assinalados com a espantosa marca de 425 golos -, mas a sua influência no coletivo foi, mais uma vez, determinante ao longo de 2015, contribuindo com o seu futebol de luxo para a conquista de, coisa pouca, cinco troféus: Liga (a 7.ª em 11 épocas), Taça do Rei (a 3.ª), Liga dos Campeões (4.ª), Supertaça Europeia (3.ª) e Mundial de Clubes (3.º).

No plano oposto, Cristiano Ronaldo obteve várias conquistas a nível individual (se fosse apenas este o parâmetro fundamental para a atribuição do troféu, CR7 estava em vantagem…), mas no que diz respeito a vitórias pelos «merengues»… nem uma para amostra.

Mesmo assim, o capitão de Portugal e figura maior do Real Madrid (vamos ver se consegue ter uma relação pacífica com Zidane, ao nível da que teve com Ancelotti, pois com Benítez foi o que se viu) conquistou a meio do ano a quarta Bota de Ouro (nenhum tem tantas como ele), com 11 golos tornou-se no recordista da fase de grupos da Champions, com os seus 338 golos em 325 jogos pelo Real é o maior marcador da história do clube, conseguiu 57 golos no ano civil, segunda vez em que não chega aos 60, ou mais, em seis épocas e meia no clube, e ajudou decisivamente Portugal a chegar, novamente, à fase final de um Campeonato da Europa. Mas ao não ganhar nada pelo clube de Santiago Bernabéu… ganha Messi.

No futuro, porque o argentino chega aos 29 anos em Junho e CR7 aos 31 em Fevereiro, e a não ser que de repente saia de dentro de uma lâmpada um génio como eles, acredito que seja o terceiro nomeado da próxima segunda-feira, Neymar, a subir ao lugar mais alto da hierarquia. A sua influência no Barcelona é cada vez mais notada e tudo aponta no sentido de que «la pulga» já tenha sucessor. Ainda por cima a relação dos dois com Luís Suárez é brutal, o mesmo não se podendo dizer do que se passa em Madrid com o português, concretamente com Gareth Bale. Portanto, se não houve um cataclismo, volta a ganhar Messi. E não me parece que esteja enganado…

PS1 - De repente, Rui Vitória acordou para a realidade. Depois de seis meses a marinar decidiu ser objetivo nas respostas às provocações de Jorge Jesus que, e só por isso se entendem algumas opiniões, surge como guarda-costas de Lopetegui. Vá lá a gente perceber isto. Bom, Vitória foi firme, deixou perceber que agora sim, ninguém mais lhe pisa os calos, mas há uma coisa em que JJ é muito forte: tem outro tipo de argumentos. Havendo quem goste da picardia, seria bom se ambos se limitassem aquilo que se lhes pede: que as suas equipas sejam o mais fortes possível. E isto porque aquela história das «sms» se confirmou que era, como diz o outro, tanga.

PS2 – Se há figura do FC Porto com passado, presente, lastro, reconhecimento, troféus e identificação com o clube é Vítor Baía, um dos maiores símbolos dos dragões e grande figura do nosso futebol, reconhecida, também, como se pede, fora das nossas fronteiras. Ao perfilar-se como futuro possível candidato à presidência dos portistas, Vítor Baía tem de estar seguríssimo do passo que está a dar. E tal como já deixou claro, fica à espera de mais um mandato de Pinto da Costa, mas garantindo à nação azul e branca que no próximo sufrágio lá estará.