Se há especialidade em que Portugal ocupa plano de grande destaque no Mundo é na do treino de equipas de futebol. Vou ser prático: Portugal tem alguns dos mais consagrados treinadores da atualidade. José Mourinho na primeira linha, logo depois André Villas-Boas, mais Paulo Sousa (têm tudo para conquistarem os títulos em Inglaterra, Rússia e Suíça, com o segundo em posição privilegiada, também, na Liga Europa), sem esquecer o que já foi feito por Toni, Jesualdo Ferreira, José Peseiro ou Manuel José, entre muitos outros. Para lá dos citados há, ainda, os casos muito especiais de outros dois que a cada fim-de-semana cimentam o seu espaço: Leonardo Jardim e Nuno Espírito Santo.

Não me esqueço do que lhes foi feito no início de época, quando, além de terem de mostrar serviço, levaram com alguns filmes de terror. Jardim, depois de ter visto saírem porta fora três das principais figuras do Mónaco da época anterior – James Rodriguez, Falcao e Riviére – ao perder o primeiro jogo da Ligue1, em casa com o Lorient (1-2), recebeu logo o primeiro voto de confiança público do insuspeito L’Equipe: «A contratação deste treinador foi um erro de casting». Pois bem, passados sete meses, com uma equipa refeita, a nove jornadas do final, o Mónaco é 4.º da Liga (está já em posição de Liga Europa) e garantiu os quartos-de-final da Champions.

Relativamente ao técnico do Valência, a situação pré-época (sem falar da remodelação do plantel e na chegada que nunca mais acontecia de Peter Lim…) ainda foi mais anedótica, pois ainda a Liga não tinha arrancado e na bolsa de apostas a coisa não era feita por menos: Nuno Espírito Santo seria o primeiro treinador a ser despedido. O que é que acontece no presente? O Valência é terceiro da tabela, quando faltam 11 jogos para o final, e a continuar assim garante a presença na Champions em 2015/16. Brilhante, pois. E, obviamente, no que diz respeito a ambos, detratores aniquilados, arrumadinhos num canto e, previsivelmente, prontos para ouvir notícias com que não contavam.

Portanto, a exemplo de tantas outras atividades, confirma-se plenamente a capacidade de adaptação lusa para vingar para lá dos nossos muros. Capacidade de adaptação e luta para dar a volta a algumas atitudes xenófobas. Sim, Portugal é país pobrezinho mas isso não obriga a que todos tenhamos de ser assim.
 
PS: Por falar em treinadores, mesmo aceitando que Lito Vidigal é bem capaz de não ser pessoal fácil, ainda não percebi o que é que Rui Pedro Soares pretende para o Belenenses: saiu um treinador milagreiro, entrou um jovem à procura do estrelato e já se comenta que está garantido o da nova temporada. Enquanto isso, Carlos Brito está de regresso à ribalta. Se conseguir salvar o Penafiel… merece uma estátua. É que sem ovos, mesmo que sejam de Páscoa…