Os desfechos da mais recente ronda da Liga, quando faltam apenas quatro para os festejos, deixaram indisfarçáveis as realidades no posicionamento final dos três primeiros: Benfica a caminho do tão sonhado bicampeonato, após três décadas de jejum; FC Porto a ter de conformar-se, parece, com o segundo lugar depois da «encolhida» exibição na Luz; Sporting, apesar de tudo aquilo que se passou na quadra natalícia, a um escasso ponto de regressar à Champions, ainda que por porta diferente daquela por onde entrou na presente temporada.

Perante cenários tão claros, e por que o assunto está a tornar-se recorrente, que futuro para os técnicos dos três maiores clubes portugueses? Tenho para mim que Jorge Jesus, apesar do muito que se tem dito, está mais perto da Luz do que do estrangeiro; que o único que está seguro, e bem seguro, é Julen Lopetegui; e que Marco Silva, embora com mais três anos de contrato, parece ser aquele que pode estar a caminho de nova etapa na carreira. A não ser que eventual alteração comportamental do presidente leonino deixe tudo como está...

Jorge Jesus adora a família, Lisboa e arredores, o Benfica, e adora ser reconhecido, mesmo por aqueles que não gostam dele - não pelos seus dotes como técnico mas pelas posições egocêntricas muitas vezes assumidas. Obviamente, JJ tem mercado, diz-se que bom mercado, mas será isso suficiente para o retirar da sua zona de conforto? Tudo depende do convite e daí, por muito dinheiro que haja no acordo, trocar o Benfica por um qualquer Fenerbahçe… Portanto, mesmo com alguns acertos financeiros, não ficarei surpreendido que se mantenha na Luz, mesmo sendo obrigado a ter de olhar para os jovens da cantera com outros olhos.

Pinto da Costa já nos surpreendeu no passado ao prescindir de treinadores campeões, com tudo acertado. «Mister» Ivic, Carlos Alberto Silva ou mesmo António Oliveira são bons exemplos, mas Julen Lopetegui, que tem mais dois anos de compromisso, pelos vistos nada vai ganhar. E não ganhando está seguro? O carismático líder portista não pode deixar cair aquele em quem acreditou e a quem deu tudo e mais alguma coisa; assim, a única saída é continuarem juntos. O problema é que – a não ser que o scouting faça milagres – o FC Porto da nova época será menos poderoso. Danilo, Casemiro, Oliver Torres e Jackson Martinez têm sido determinantes (vamos ver o que acontecerá com Alex Sandro…) e não será fácil encontrar substitutos com o mesmo nível. Logo, quer se queira quer não, já há um sorriso maroto no rosto de muitos benfiquistas, com alguns deles a olharem para o tri...

Faltam os leões. As coisas acalmaram depois do Natal, presidente e treinador têm tido enorme compostura, aqui e ali (como em Moreira de Cónegos) deixam entender que a relação é semelhante à do início de «namoro». O posicionamento de ambos tem sido de grande respeito mútuo, mas será isso suficiente para que Marco Silva continue? Eventualmente com menos recursos e com uma revolução pela frente, no próximo Natal não ficará Alvalade de novo sobre brasas? Em suma: cheira-me, com pena de muita gente, mas mesmo muita gente, afeta ao Sporting, que BdC vai ter de encontrar um novo treinador.

PS: o ecletismo leonino faz com que o clube, apesar de poucas conquistas no futebol, continue a ser grande. Sim, porque o Sporting não é, nem será, apenas futebol, como sempre defendeu uma das maiores figuras da sua história, João dos Anjos Rocha. A vitória na Taça CERS (este grupo liderado pelo eng.º Gilberto Borges e pelo treinador Nuno Lopes merece as maiores referências) só vem confirmar quanto são enormes os leões ao nível das modalidades. Lembre-se que o título que o ABC persegue no andebol - e seria muito bom conquistá-lo - já mora em Alvalade. Sinal de que quando tiver o seu pavilhão haverá condições para os rivais reencontrarem o grande emblema dos anos 80 e 90.