É óbvio que Benito é mais do que um número.

O lateral suíço mostrou qualidades a atacar e algumas lacunas a defender, e deixa o Benfica ao fim de uma temporada.

Fez seis jogos pela equipa principal do Benfica, II na Liga e apenas um destes como titular. Mas o número de que falo até tem dois dígitos.

Benito foi o 17º lateral-esquerdo contratado pelo Benfica na era-Jesus. O 16º, Djavan, nem se estreou e seguiu para Braga. Eliseu, o 18º, chegou para ser titular.

18 laterais-esquerdos em seis anos são três laterais-esquerdos por época.

Sem o suíço, vendido ao Young Boys da Suíça, o número ainda vai aumentar, embora já não seja a era-Jesus. E a verdade é que o problema ultrapassa as fronteiras da passagem pelo treinador agora do Sporting pelo Benfica.

São incompreensíveis tantos erros de casting para se chegar a um nome, o de Eliseu, que deverá ter sido o elo mais fraco de toda a temporada e não seja ainda líquido que prossiga no plantel. Neste momento, aliás são poucos os futebolistas da equipa bicampeã nacional que têm continuidade garantida.

Três laterais-esquerdos por época – e só estamos mesmo a falar de laterais-esquerdos – é um exagero para qualquer equipa, mesmo para aquelas que apresentam os cofres recheados.

Poderá parecer uma contradição, mas desta vez, e para arrumar com a questão, o que fará sentido é que o Benfica deixe de tentar remendar o setor e aposte num nome para os próximos anos. Irá custar dinheiro certamente, mas será que alguém acredita que os últimos 18 não custaram nada nestes anos?

Se isso não acontecer, o número ultrapassará facilmente as duas dezenas, mantendo-se a média. Um luxo a que poucos se podem dar.

P.S. O Benfica geriu bem a apresentação de Rui Vitória – boa comunicação e alguma encenação positiva, sustentação do nome do treinador com reforços e um novo técnico tranquilo, confiante e com discurso translúcido – e colocou (também bem) um ponto final na situação de Jesus. Agradeceu e despediu-se. Fim de ciclo, encerrou o capítulo. Só pecou por tardio, podendo ter-se evitado algumas emoções não controladas e alguns excessos logo que a saída para o rival pareceu um dado adquirido à estrutura.

LUÍS MATEUS é subdiretor do Maisfutebol e pode segui-lo no TWITTER. Além do espaço «Sobe e Desce», é ainda responsável pelas crónicas «Era Capaz de Viver na Bombonera» e «Não crucifiquem mais o Barbosa» e pela rubrica «Anatomia de um Jogo».