«4x4x3» é um espaço de análise técnico-tática do jornalista Nuno Travassos. Siga-o no Twitter.

Com apenas um golo marcado nos últimos 315 minutos - três jogos e meio, contando a visita suspensa ao Estoril -, o FC Porto parece ter perdido alguma chama ofensiva. Sérgio Conceição já tem contado com Waris e ainda recuperou Gonçalo Paciência, mas o problema não tem estado tanto no poder de fogo, mas sim na fonte de ignição.

No último jogo, o nulo com o Moreirense, voltou a ficar a ideia de que a criatividade está demasiado dependente de Brahimi. O FC Porto conserva o espírito, a dinâmica, a intensidade, o compromisso, mas precisa de mais ideias em ataque organizado. E esta necessidade torna-se mais evidente quando olhamos para a (menor) capacidade de desequilíbrio do lado oposto do ataque.

Em Moreira de Cónegos esse lugar foi de Paulinho, mas para uma missão que já foi de Herrera ou André André, por exemplo: partir da ala para zonas interiores, quando Sérgio Conceição quer a equipa a oscilar entre o 4x4x2 e o 4x3x3 dentro do mesmo jogo. E nesse contexto temos Marega a fazer o movimento oposto. Uma estratégia que rentabiliza bem as características do avançado maliano, mas quando há espaço nas costas da defesa. Marega não funciona da mesma forma quando joga como extremo assumido, de resto.

Sem profundidade para explorar, perante linhas mais recuadas, o FC Porto pede mais criatividade desse lado. Uma tarefa que encaixa no perfil de Jesús Corona, mas o mexicano, a cumprir a terceira época em Portugal, não tem conseguido encontrar estabilidade exibicional.

Outra alternativa é Hernâni, mas embora já tenha sido influente em alguns momentos da época, o esquerdino também não tem conseguido encontrar a consistência necessária para agarrar o lugar. E Ricardo, que até chegou ao FC Porto como extremo, parece já ter dificuldade em trocar o «chip» de lateral.

Limitado no ataque ao mercado, o emblema azul e branco acabou por não recrutar uma nova alternativa para este posto, mas mesmo sabendo que não é possível ter um sósia de Brahimi, Sérgio Conceição precisa de ter mais alguém a tirar coelhos da cartola.