«CHUTEIRAS PRETAS» é um espaço de Opinião do jornalista Pedro Jorge da Cunha. Um olhar assumidamente ingénuo sobre o fenómeno do futebol. Às quintas-feiras, de quinze em quinze dias. Pode seguir o autor no Twitter. Calce as «CHUTEIRAS PRETAS».

Naqueles dias O programa sobre futebol era um lugar de respeito. O sábado e o domingo passavam ao som das ondas do éter, da Quadrante Norte e da Renascença, relatos melífluos e honestos, todos os relvados cabiam no meu rádio de pilhas.

O mais fascinante nesses dias era a imaginação com que cada jogada era desenhada na minha mente. Responsabilidade, das grandes, dos jornalistas de serviço. Havia um golo no Estádio do Mar? Gritava-se penálti no Mário Duarte em Aveiro? Como teria sido a jogada…?

Da narração, o meu cérebro apreendia cada instante, cada detalhe, protagonistas individuais e clubes. Juntava peça a peça a informação, arquitetava lance a lance e esperava que no domingo à noite - n’O programa em que eu deixava só de escutar e passava também a ver futebol -, tudo batesse certo com as minhas mais pueris previsões.

I Divisão e II Divisão, apresentadores de tom sério, homens respeitáveis e respeitadores do produto. E resumos, muitos resumos de jogos de futebol, o paraíso para uma criança quase adolescente verdadeiramente apaixonada pelo desporto-rei.

Reparem bem no exercício: dois dias a juntar pedaços de som, criar imagens possivelmente falíveis e fazer o teste dos testes em frente à televisão no domingo à noite, n’O Domingo Desportivo.

Rui Tovar, Mário Zambujal, Gabriel Alves, Ribeiro Cristóvão, todos passaram pela condução do programa. Ali mostrava-se futebol, sem pressa e sem preconceito. E, vejam bem, até os artistas do jogo, os futebolistas de Benfica, FC Porto e Sporting, marcavam presença no estúdio. Hereges!

Em silêncio, no escuro da sala, sentado no sofá e com o pai bem perto, o menino registava e decorava, segunda-feira o pátio da escola seria o altar-mor para a exposição de conhecimentos.

O Domingo Desportivo era um lugar de bem. E quem o viu décadas a fio não pode olhar com carinho àquilo que se assiste um pouco por cada um dos canais televisivos nacionais. Há exceções ótimas – o nosso Maisfutebol na TVI24, se me permitem o juízo em causa própria -, mas são isso mesmo, exceções.

A regra é perigosa, palcos de mentiras e acusações, aviltar e degradar, insultar e falar de supostos crimes de arbitragem. Analisar tudo menos o jogo, O futebol. Mixórdia oral em mau Português, peões ao serviço dos maiores clubes, peças de xadrez investidas de poderes malignos. Feio, muito feio.

Puxe a cassete atrás, recorde um Domingo Desportivo da RTP em 1988:

PS: Gottardi, mago das Chuteiras Pretas no Funchal

Se é futebolista profissional e usa Chuteiras Pretas, retro e lindas, então é possível que o seu nome seja destacado aqui neste espaço.

Depois de Rafael Assis (Desp. Chaves) e Pedrinho (Paços Ferreira), dois dos bons médios na nossa Liga, hoje damos um salto até ao Funchal e destacamos Eduardo Gottardi.

31 anos e em Portugal desde 2010, Gottardi mostrou-se na União de Leiria, fez quatro temporadas no Nacional da Madeira e é desde o último verão o dono da baliza do Marítimo.

Gottardi, um mago das balizas fiel às CHUTEIRAS PRETAS. Parabéns, Eduardo!

«CHUTEIRAS PRETAS» é um espaço de Opinião do jornalista Pedro Jorge da Cunha. Um olhar assumidamente ingénuo sobre o fenómeno do futebol. Às quintas-feiras, de quinze em quinze dias. Pode seguir o autor no Twitter. Calce as «CHUTEIRAS PRETAS».