«CHUTEIRAS PRETAS» é um espaço de Opinião do jornalista Pedro Jorge da Cunha. Um olhar assumidamente ingénuo sobre o fenómeno do futebol. Às quintas-feiras, de quinze em quinze dias. Pode seguir o autor no Twitter. Calce as «CHUTEIRAS PRETAS».

A estupidez eletrificada –será eletrificada, certo Donald? – vai de Brownsville, ali no Golfo do México, até San Diego, no Pacífico californiano.

Atravessa Rio Grande, Laredo, Del Rio, Presidio, El Paso, Columbus, Douglas, Nogabes, Lukeville, Calexico e Tijuana (obrigado wikipedia).

3,200 quilómetros de preconceito e estupidez, 3,200 quilómetros de misoginia inflamada. Tudo decretado a partir do conforto da Sala Oval, pelo punho de Donald, o pato. Bravo.

Felizmente, há outros muros. Sem vergonha e sem lamentações. Muros que não separam, que não ferem, que não se erguem no cimento da xenofobia e na demagogia de papalvos.

Humpty Dumpty que o diga. Nele, o muro é um palco para olhar o mundo, num jeito pantomineiro, trapalhão e bem humorado. É o seu suporte básico de vida.

O muro da estupidez de Trump.
O muro da vida de Humpty Dumpty.
E, já agora, o muro da competência de Nuno Espírito Santo.

O FC Porto continua a ter limitações no seu futebol, alimenta muitas dúvidas em determinados momentos do jogo – a segunda parte no Clássico é francamente má, sempre descontrolada -, mas no processo defensivo só deteto competência e trabalho.

Números no campeonato: 11 golos sofridos em 21 jogos (média de 0,52). A melhor do clube desde 1994/1995 e a melhor da primeira Europa em 2016/17.

Números alargados a todas as provas: 17 golos sofridos em 34 partidas (0,50).

É injusto reduzir o elogio a Casillas e ao quarteto defensivo, pois os avançados (veja-se o caso do renovado Brahimi) têm sido os primeiros a correr sem bola e a ocupar devidamente os espaços.

O FC Porto voltou a ser competitivo e a ser uma equipa que dificilmente perde – três derrotas em todos os jogos oficiais de 2016/17 (14 na época anterior).

Parte do trabalho de Nuno está feito e consolidado. A Juventus será mais uma excelente oportunidade para os azuis e brancos me darem razão. Falta o resto.

O resto, sim. E o resto é determinante: títulos, capacidade de ser autoritário com bola, consistência em todas as provas.  

Por ora, este é o muro de orgulho de Nuno. Vai de Alex Telles, ali na esquerda, até Maxi Pereira, na direita. Atravessa Marcano, Danilo, Felipe e Casillas...   

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