Jornalistas erram. Comentaristas não são donos da verdade. Os comunicadores têm total direito de externarem opiniões, sejam elas consistentes, estúpidas ou sem fundamento. Quem tem boca fala o que quer. Quem tem dedos escreve o que bem entender.

Há no futebol português uma triste e bizarra tendência de levantar com a maior tranquilidade do mundo suspeitas sobre toda e qualquer posição tomada em público. Tudo tem um motivo por trás. É o tal domínio dos interesses alheios. Nada (ou quase nada) é visto com naturalidade.

"É preciso dizer o que mandam dizer", "É o tacho de cada dia", "As cartilhas foram feitas para serem seguidas", entre outras acusações levianas. Poucos percebem que pensar pela própria cabeça, mesmo que de forma altamente discutível, é o exercício mais básico do ser humano. 

Acontece comigo. Acontece frequentemente com outros colegas, da televisão ou da escrita. Nos traçam facilmente como um mero produto do meio. Maleáveis. Frágeis. À venda. Antes fosse uma questão de criticar, discordar ou até mesmo não acreditar. Seria compreensível. É do jogo.

Nós, da Comunicação Social, estamos todos suscetíveis às contestações. Dia após dia. Palavras atrás de palavras. Sim, faz parte da exposição da profissão. Nem tudo são flores. Inaceitável é ver a nossa honestidade ser colocada em xeque a todo instante. Sem dó nem piedade.

Deixou de ser uma importante e justa discussão sobre credibilidade. Confiar nesse, não confiar naquele. Concordar com isso, discordar daquilo. É atacar e atacar, sem qualquer filtro. Por pura maldade. Ter uma opinião contrária tornou-se passível de crime inafiançável.

*Bruno Andrade escreve a sua opinião em Português do Brasil