Senhores e senhoras, e o melhor treinador português da atualidade é, tchan tchan tchan tchan, Leonardo Jardim.

Não fiquem à espera de um engano no envelope que devolva a José Mourinho o que parece que é seu, intocável, há mais de uma década. Nesta Gala mando eu e não há trocas. Na atualidade, Leonardo Jardim está acima de todos. Mourinho incluído.

Seria, de facto, muito mais cómodo manter o treinador do Manchester United no pedestal que ocupa desde quase sempre, ainda por cima na semana em que ganhou o 24.º troféu da carreira, mas para quê destacar o sexto classificado da Premier League quando há um líder em França que ganha e encanta?

Há dias, falava com um colega jornalista brasileiro sobre a fama de treinador defensivo de Leonardo Jardim. Algo impensável hoje em dia e que o deixou incrédulo. Os números do ataque do Mónaco não deixam adivinhar o treinador pragmático que cresceu até ao que se vê hoje.

Não conheço um único mau trabalho de Leonardo Jardim, algo que o separa de praticamente todos os treinadores da moda em Portugal.

Desde o primeiro dia que mantém o mesmo ar. Sobrolho franzido, quase sisudo, a dar a ideia de que nada no mundo é mais importante do que o trabalho. Parece sempre concentrado, convicto e ciente de que vai ter sucesso. É, aliás, conhecida a forma ambiciosa como se lançou no meio e as metas ousadas que estabeleceu desde cedo.

Dele fico sempre com a ideia de que nunca será brilhante, no sentido estético do termo, mas será sempre extremamente eficaz. No fundo, é o pesadelo de Jorge Simão. O homem que lhe rouba a miúda e leva para a casa de banho, sem grande conversa pelo meio. Quatro e cinco vezes na mesma noite, se fizer falta. Uma, apenas, se for suficiente.

É isso que me convence em Jardim: parece ter programado, passo a passo, toda a sua carreira e nada o faz desviar. Mesmo que agora ande mais perto do espetáculo, deixa sempre a sensação de que voltará a virar as costas ao deboche se fizer falta ir direto ao assunto.

Já desde os tempos do Sp. Braga que admiro a capacidade que tem de espremer até ao tutano os jogadores que tem. Percebe-se que, ali, está tudo explorado ao limite, dentro das ideias do treinador.

O Sporting foi outro exemplo. Aliás, mesmo que Marco Silva tenha conquistado uma Taça de Portugal e Jorge Jesus tenha ficado bem mais perto de ser campeão nacional, não coloco Jardim atrás na hierarquia de importância nestes últimos anos. Teve, até, o trabalho mais difícil: foi o único que não teve um Leonardo Jardim, antes, a organizar a casa.

Em França, à falta de contraditório, venderam-lhe gato por lebre. Chegou para um projeto de um novo PSG, acabou por ter de trabalhar com novo Ajax. Contra o PSG a sério.

Estar, nesta altura, à frente do magnata da capital, uma multinacional em forma de clube de futebol, uma fonte de recursos que parece inesgotável, é um sinal de sucesso tremendo que caberá ao grupo transformar em vitória suprema até ao final da época. Não será fácil. Afinal, falamos de um plantel em que 20 jogadores têm menos de 25 anos e, desses, 11 são sub-21.

Depois, há as provas paralelas. O Mónaco está na final da Taça da Liga, onde enfrentará o PSG; nos oitavos de final da Taça, onde terá o Marselha como adversário; e tem um incrível 5-3 para virar em casa frente ao Manchester City de Guardiola. Está em todas, então.

A lógica diz que não será fácil ter sucesso em tudo. Mas o sobrolho de Jardim deixa antever que também não é impossível.

Falta-lhe, portanto, um grande título que convença de vez as massas, como fez comigo. Se o conseguir já este ano, o mérito será tremendo. Se não for agora, acredito, há de chegar o dia, mais tarde ou mais cedo.

Até lá, muito vai mudar, mas, agora, não tenho dúvidas: Mourinho continua a ser o melhor treinador português de sempre. Jardim é o melhor de hoje.

«O GOLO DO EDER» é um espaço de opinião no Maisfutebol, do mesmo autor de «Cartão de memória».Porque há momentos que merecem a eternidade e porque nada representará melhor o futebol português, tema central dos artigos, do que o minuto 109 de Paris. Siga o autor no Twitter.