Já ninguém se lembra do Suárez, não é? Agora a culpa é do pobre do Zúñiga, o verdadeiro bad boy. Vou ficar na história como o português do Morais depois daquela tesoura que acabou com o Pelé. Te mato veado, te quebro a cara! Gritou agarrado ao joelho e saiu a coxear, para não voltar, do Goodison Park. Vou ficar na história como o tipo que partiu a vértebra ao Neymar e orquestrou a maior fraude do Campeonato do Mundo. Roubou a jóia do Brasil, impediu-o de ser campeão. Roubou os adeptos do seu tema de café: Viram ? Viram o que ele fez? Deu cueca mesmo! Craque! Golaço! Vai ser maior que o Pelé!  No Rio, os cariocas gritaram que iam cortar-me a cabeça. O Fenómeno Ronaldo acusou-me de ser violento e desleal. Querem processar-me nos tribunais. O Brasil pressiona a FIFA para que aplique um castigo exemplar. Ainda vai ser pior do que o do vampiro uruguaio! Eu já disse. Já repeti. Volto a dizer. E será as vezes que for preciso. Não foi de propósito para magoar. Não queria lesionar o Neymar. Apenas travá-lo. Eu, Juan Zúñiga, bad boy... Nem o Thiago Silva acredita. Leiam. Procurem. Pesquisem. Ele, que é colega do rapaz, não acredita. Foi apenas azar. Azar dele, azar meu, que agora tenho de olhar sempre por cima do ombro. Não vou poder sair à rua sem que digam: para que foi aquilo, Juan ? O que foste tu fazer! Agora falam em infiltrações, em colocá-lo em campo na final, se aí chegarem. Falam que ele quer jogar, e os médicos torcem o nariz. Não acredito, aposto que vão desmentir. Mas e se acontecesse mesmo? E se correr mal? O Scolari andou a espalhar que esteve sem sentir as pernas depois da joelhada... Olhem. Esqueçam. Como posso continuar a dizer isto ? Não sou má gente, mas como é possível fazer-vos acreditar que aquela joelhada não foi desnecessária ? Que não foi um mau momento, uma coisa errada, uma agressão ? Mesmo as boas pessoas têm momentos errados. Atitudes estúpidas. Fui estúpido. Não devia ter feito o que fiz. Fui uma besta, agora esqueçam que eu existo, por favor. Podem esquecer que Zúñiga, o anti-Neymar, existe ?

«Não crucifiquem mais o Barbosa» é um espaço de opinião/crónica da autoria de Luís Mateus, subdiretor do Maisfutebol, que aqui escreve todos os dias durante o Campeonato do Mundo.      É inspirado em Moacir Barbosa, guarda-redes do Brasil em 1950 e réu do «Maracanazo». O jornalista é também responsável pelas crónicas de «Era Capaz de Viver na Bombonera», publicadas quinzenalmente na      MFTotal. Pode segui-lo no      Twitter ou no    Facebook   .



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