1. A goleada em Barcelos terá tirado as últimas dúvidas: o Benfica será, quase de certeza, campeão em 14/15. Confirmou a ideia de que a forma «amarrada» como a equipa de Jesus encarou o clássico com o FC Porto foi pura estratégia e reforçou, sobretudo, a tese de que, desta vez, as águias não vão distrair-se nas últimas jornadas. O que aconteceu em 2012/13, com o FC Porto de Vítor Pereira a ultrapassar o Benfica na reta da meta, não terá repetição esta temporada. Se há exemplo claro de como há vantagens em preservar um treinador por muito tempo, esta época do Benfica será um deles. Há «dedo» de Jesus no título que o Benfica está pertíssimo de festejar. Nota-se uma águia mais madura, mais capaz de gerir os tempos do jogo, menos ansiosa por «massacrar», menos vulnerável a escorregadelas.


2. O FC Porto já não deverá ter espaço para sonhar com o título, mas os «quartos» da Champions são crédito suficiente para que Julen Lopetegui avance para o segundo de três anos que tem de contrato. Como se aborda nesta análise, a margem será, no entanto, muito menor em 15/16. A juventude do plantel portista leva a que este possa ser encarado como um ano de transição... desde que a próxima temporada seja de grande sucesso desportivo para os azuis e brancos. Lopetegui será «obrigado» a ser campeão na próxima época, num FC Porto que terá nessa altura um treinador mais identificado com o futebol português e, como tal, sem necessidade de fazer tantas experiências. O maior problema? As perdas que o técnico basco certamente terá: haverá substituto à altura de Jackson? E de Danilo?


3. Marco Silva está próximo de obter registo histórico no Sporting: acabar o campeonato com apenas duas derrotas (só por uma vez o Sporting terminou com menos jogos perdidos). É claro que ficar em terceiro lugar não é um desempenho excelente para um clube da dimensão dos  leões. Mas tendo em conta o projeto e a realidade do plantel do Sporting, o primeiro ano de Marco Silva em Alvalade tem que ser visto com saldo bem positivo. Que ainda permaneçam dúvidas sobre se o técnico (que tem contrato por... quatro anos!) é que não se percebe. Marco Silva tem o apoio dos jogadores e a confiança dos adeptos. Falta-lhe caução mais enérgica de quem comanda (sim, estou a falar de Bruno de Carvalho). Será para o ano?


4. Mourinho campeão em Inglaterra já nem parece uma novidade assim tão grande. Mas continua a ser motivo de elogio e admiração. Em 15 anos de carreira, José tem 22 títulos conquistados, sempre em provas de topo. Foi campeão nacional oito vezes em três países diferentes. Ganhou três provas europeias. Desta vez, «limpou» a Premier League com uma clareza rara (13 pontos de avanço sobre City e Arsenal, com três jornadas para disputar). Correu tudo bem na época do «Happy One»? Não. A forma como o Chelsea deixou escapar a passagem aos «quartos» da Champions, em Stamford Bridge e com um PSG sem Ibra (expulso bem cedo), mostrou que Mourinho nem sempre tem a fórmula mágica. Mas a questão é que continua a ter... quase sempre.


5. A pergunta foi muito bem colocada pelo Pedro Barbosa, em artigo no Maisfutebol: Barça ou Bayern, quem vai ter mais posse de bola? As estatísticas até agora, tanto no plano interno como na Champions, dão vantagem avassaladora aos dois conjuntos, fosse qual fosse o adversário. Tendo em conta o número de baixas nos bávaros, será de esperar que o Barcelona consiga impor a sua vocação, pelo menos no jogo em Camp Nou. Guardiola contra o Barcelona, Messi/Neymar/Suarez «vs» solidez coletiva do Bayern, alguma ambiente de reedição da final do Mundial-14, Argentina-Alemanha. Venham esses dois jogaços!


«Nem de propósito» é uma rubrica de opinião e análise da autoria do jornalista Germano Almeida. Sobre futebol (português e internacional) e às vezes sobre outros temas. Hoje em