Jogo Duplo II. Seis detidos, cinco deles futebolistas. Outra vez a II Liga na mira. Das autoridades e dos apostadores asiáticos. E, já agora, do vídeo-árbitro…

Andreas Krannich, líder da empresa que colabora com a federação na manipulação de jogos, explicou em Lisboa como funciona o sistema. O problema, disse, não está nas casas de apostas. Está na Ásia. E na globalidade provocada pela internet.

A cultura de jogo naquele continente marca por si só. O homem comum aventura-se nela, seja nos regulados casinos de Macau – basta uma viagem de ferry ao fim de semana entre ali e Hong Kong para se perceber a dimensão da coisa – seja nas ruas de Bangkok, Saigão ou Díli.

O homem comum joga no risco com um agente local, parte inferior de uma hierarquia complexa, mas que, como os filmes retratam, há de acabar num boss. E este é, diz Andreas Krannich com todas as letras, financiado por investidores que pretendem lucro grande e rápido: «Bancos, governos, traficantes de armas, traficantes de pessoas…»

Jogo Duplo I. Mais de uma dezena de detenções. Três jogadores com termo de identidade e residência, um com pulseira eletrónica. E mais de uma dezena de implicados.

Partes diferentes de um negócio que movimenta milhares de milhões.

O banco, o governo, o traficante ganham logo, e ilegalmente, com o volume de apostas. O combate far-se-á com legislação devida e a consequente monitorização da polícia.

O homem comum joga no risco e, por vezes, arrisca mesmo a comprar a inexistência dele. E vai daí aposta tudo e tenta manipular. Um dirigente, um jogador, um árbitro.

Legislação e monitorização para combater esta fraude. Vídeo-árbitro também…

O comportamento de todos em campo vai estar ainda mais debaixo de olho. Ao jogador ser-lhe-á mais difícil enganar. Pelo modo como o processo está a ser testado, dificilmente a um juiz serão permitidas decisões flagrantes incorretas. Haverá uma tomada de consciência geral sobre isso.  O International Board acredita nisto. Assim como a FIFA. E eu também.

Já defendi o vídeo-árbitro e a introdução dele é uma questão de tempo. Portugal tê-lo-á. Até onde é a questão que se segue.

A crescente vulnerabilidade do futebol português ao mundo das apostas, à manipulação de resultados, exigiam uma resposta de alargamento da tecnologia, e dos recursos humanos que ela implica, aos três primeiros escalões.

Porém, isto não é coisa para pobres. O vídeo-árbitro não será para quem quer, será para quem pode.