Tirambaço: substantivo masculino; Chute violento em direção ao gol. 

Um cobarde.

Um cobarde também pode ser covarde. A palavra é tão em si medrosa, que se acobarda a definir o uso do «B» ou do «V». Ninguém é cobarde quando a dita ou escreve, porque ela não gera receio de erro, não faz recuar perante a adversidade, fechar-se ou isolar-se e optar por um confortável sinónimo. Seja com «B» ou «V», está sempre certa. Ser cobarde é fácil.

É, portanto, o contrário de Gerard Piqué.

Admirável a conferência de imprensa do defesa do Barcelona. Piqué nem precisava de dizer nada, bastava-lhe ter entrado na sala. Mas Piqué também é Gerard e, por isso mesmo, falou.

O primeiro ato de bravura foi ter surgido. O segundo foi este: «Quiero que preguntéis todos aunque estemos una hora y media aquí, estaremos el tiempo necesario.»

O homem nem colete à prova de balas levou. Estaria a responder ao que fosse, o tempo que fosse, sobre um tema fraturante e que o atinge em particular.

Há gente no futebol que até quando empata se esconde. Seja no formulário obrigatório de numa flash só se falar do jogo que acabou há instantes (mesmo que ele tenha repercussões maiores do que aquilo que ali esteve em disputa), seja na limitação de perguntas a uma por cada órgão de comunicação, numa conferência de imprensa - e quando o direito a perguntas existe.

Há, até, quem fuja a meio. E quem faça as duas coisas também. Fugir e esconder-se no perfil de Facebook, Instagram ou Twitter. Esses descrevem-se com sinónimo de medroso, palavra que tanto pode ter um «B» ou um «V» e que nunca engana ninguém. Como um cobarde, porque nunca tem nada de importante para dizer. 

Ah, mas escusou-se a responder sobre se era independentista!

Para além de corajoso, inteligente o tipo.

P.S.- O Sérgio Pires, no seu brilhante texto sobre o papel do Barcelona na independência catalã pôs o referendo na perspetiva de Guardiola. «Não é uma questão de independência, mas de democracia.»  Subscrevo, Sérgio e Pep.