PLAY é um espaço semanal de partilha, sugestão e crítica. O futebol espelhado no cinema, na música, na literatura. Outros mundos, o mesmo ponto de partida. Ideias soltas, filmes e livros que foram perdendo a vez na fila de espera. PLAY.

SLOW MOTION:
«Kaiser: The greatest footballer never to have played football» - de Louis Myles

«Queria ter a vida de jogador de futebol, mas sem a chatice de treinar e jogar.» Presumo que esta seja a frase definidora, o auto-retrato rigoroso de Carlos ‘Kaiser’, o maior charlatão que alguma vez pisou um relvado de futebol.

Em 2011, o simpático burlão concedeu uma longa entrevista ao Maisfutebol. Narrou na primeira pessoa as tropelias cometidas, desculpou os seus atos com a educação rígida da mãe, confessou as lesões falsas e as confusões inventadas fora das quatro linhas. Tudo para não ter de passar pela maçada de jogar futebol.

Seis anos depois, através de uma reportagem do jornalista Mário David Campos na Visão, fiquei a saber que a extraordinária história do Pinóquio brasileiro vai chegar ao cinema. Tinha de ser, tinha mesmo de ser.

O documentário ainda está a ser filmado e o realizador é Louis Myles, responsável pelo filme sobre um dos maiores vícios da minha vida, o Football Manager.

No papel do farsante 'Kaiser' estará o ator Eduardo Lara e algumas das cenas estão a ser retratadas no Estádio Moça Bonita, do Bangu, um dos clubes que teve o privilégio de acolher este mentiroso compulsivo, moço de coração grande.

Por ora, vale a pena aguçar o apetite com estas imagens dele, o único e inconfundível Carlos 'Kaiser', em entrevista dada a uma televisão brasileira. Que personagem!

PS: «Big Little Lies» – de Jean-Marc Valée

Monterey, a Califórina cool, vegan, ecológica, consciente e responsável. Ou talvez não. Um crime, várias pistas, candidatos a vítima e homicida. Um segredo bem guardado ao longo de sete episódios, sempre no ritmo certo e com uma das melhores bandas sonoras de que há memória.

Adrenalina acumulada, personagens convincentes, elenco de luxo (Nicole Kidman, Reese Witherspoon, Laura Dern e Zoe Kravitz, filha de Lenny…) e um final mais do que satisfatório. Um dos melhores produtos televisivos de 2017.



SOUNDCHECK
«Blue Moon» - de Liam Gallagher & Beady Eye

Billie Holiday, Elvis Presley, Frank Sinatra e Dean Martin cantaram-na, mas teve de ser Liam Gallagher a trazê-la para o mundo do futebol. Em 2011, o antigo vocalista dos Oasis dedicou Blue Moon a um dos grandes amores da sua vida, o Manchester City, acompanhado pela banda da altura, os Beady Eye.

«Blue moon
You saw me standing alone
Without a dream in my heart
Without a love of my own

Blue moon
You knew just what I was there for
You heard me saying a pray for
Someone I really could care for

Blue moon
You saw me standing alone
Without a dream in my heart
Without a love of my own

Blue moon
Without a love of my own»



PS: «Relaxer» - dos alt-J

Há algo de sinistro no terceiro trabalho de estúdio do (agora) trio de Leeds. Os rapazes não seguem as regras convencionais do jogo, arriscam, insinuam-se ao lado negro, decantam e decompõem as diretrizes dos dois primeiros álbuns.

A voz de Joe Newman é a responsável pela aproximação aos ciclos anteriores, mas musicalmente há uma evolução de paradigma, algo mais denso, sombrio e encantatório.

Um grande álbum, mais um; 40 minutos de música intensa, tocada por uma centelha de genialidade. Sinistro, sim, mas genial. E a lembrar tanto os grandes Violent Femmes em alguns momentos.

«PLAY» é um espaço de opinião/sugestão do jornalista Pedro Jorge da Cunha. Pode indicar-lhe outros filmes, músicas e/ou livros através do e-mail pcunha@mediacapital.pt. Siga-o no Twitter.