Ponto por Ponto é um espaço de Opinião quinzenal do jornalista Vítor Hugo Alvarenga. Baseando-se no sistema de classificação utilizado pelo Maisfutebol, destaca positiva ou negativamente figuras do panorama desportivo:

POSITIVO:

5 pontos: Cristiano Ronaldo

Não tenho a certeza sobre isto que vou escrever mas aqui fica: parece-me que Ronaldo atinge outra dimensão em cenários adversos. Não que lhe falte motivação – esse é aliás a sua principal qualidade –, mas a resposta aos assobios de uma parte do Bernabéu foi avassaladora. Cinco golos em seis na eliminatória frente ao Bayern Munique, perante um guarda-redes com a qualidade de Manuel Neuer. 100 golos nas competições europeias, agora 100 golos na Liga dos Campeões, números que reforçam a certeza: Ronaldo já vai com 32 anos e só vai garantir unanimidade quando deixar de jogar. Uma pena. «Só peço que não me assobiem».

4 pontos: Leonardo Jardim

162 vitórias em 292 jogos desde que chegou aos escalões principais, em 2010, com o Beira Mar. Carreira com números cada vez mais entusiasmantes e um mérito tremendo a contornar o desinvestimento no AS Mónaco. Kylian Mbappé (18 anos), Almany Touré (20), Thomas Lemar (21), Bernard Mendy (22) e Tiémoué Bakayoko (22) provém do mercado interno e foram titulares frente ao Borussia Dortmund, tal como Bernardo Silva (22). O clube não chegava a uma meia-final da Liga dos Campeões desde 2003/04, quando caminhou até ao jogo decisivo e caiu perante o FC Porto de José Mourinho (0-3).

3 pontos: Rúben Amorim

Uma grande entrevista de um bom jogador que merecia outro desfecho na carreira. Infelizmente, tivemos de esperar pelo fim para ouvir Rúben Amorim sem amarras. É sempre assim. Diz o antigo médio do Benfica a Rui Unas que os jogadores não «têm muita liberdade de expressão». Depois comete o erro de levar a questão para o lado jornalístico, uma política de medo que agrada aos clubes. Quem perde com isto? Os jornais, sim. Mas sobretudo os jogadores. Não se valorizam fora dos relvados, são encarados como protagonistas menores na discussão de temas centrais, vão e vêm sem uma frase que fique para a história. Há exceções, é certo. Mas como Rúben confirma, e ele poderia ser uma dessas boas exceções, raramente podem dizer o que pensam.

NEGATIVO

2 pontos: Belenenses

Não se encontra um clima de paz duradouro no histórico emblema da Cruz de Cristo. O Belenenses chega à reta final da Liga com a permanência assegurara, sim, mas avança para a saída de Quim Machado com polémica pelo meio – o técnico fala em cláusulas duvidosas na proposta de renovação de contrato – e abre as portas a Domingos Paciência. Quim Machado cumpriu, de facto, mas não era um nome consensual junto dos adeptos. Para trás ficou um divórcio estranho com o Santa Clara para rumar ao Restelo e os últimos jogos, que deixaram uma imagem pouco entusiasmante do Belenenses. Que o clube (SAD) melhore a todos os níveis para o futuro.

1 ponto: Claques

O tema não é novo e voltou em força à praça pública quando adeptos do FC Porto associaram o trágico acidente da Chapecoense ao Benfica. Depois vieram adeptos do Sporting cantar por Eusébio e adeptos do Benfica a gozar com o episódio do very-light. Tudo horrível, deplorável, sem um pingo de consciência. Longe dos holofotes, vejam ainda o que acontece nas estações de serviço a cada fim-de-semana. É a pior face deste fenómeno. Quero com isto afirmar que as claques não têm lugar no futebol? Pelo contrário. Gosto do movimento ultra, na sua essência. Sem ele o ambiente nas bancadas seria entediante. Esse ideal merece que sejam divulgados em igual medida bons exemplos de comunhão entre adeptos (homens, mulheres e crianças) e equipa. Como este, vindo de Espinho.