Algo me dizia que o mundo português ia desabar sobre a cabeça da Seleção Nacional em caso de mau desempenho frente à Islândia, na estreia no Europeu - como absolutamente se confirmou, tanto no que diz respeito a resultado como à exibição. Tudo porque, no último jogo de preparação, uma Estónia, qual equipa da quinta divisão hierárquica futebolística, foi esmagada em todos os aspetos e desse esmagamento global resultaram sete golos. Ora, se me é permitido, não devemos olhar assim para o futebol a este nível.

Quem gosta deste jogo fantástico quer sempre o melhor da sua equipa ou seleção. Quer sempre grandes exibições, de preferência muitos golos. E mesmo reconhecendo-se que Portugal esteve longe do que tem sido prometido – perfilar-se como candidato a conquistar esta competição e jogando apenas o que jogou frente à Islândia dificilmente o conseguirá – nem tanto ao mar nem tanto à terra. Até porque, dentro do quadro de opções eleitas pelo selecionador, há espaço para melhorar e o próprio já mostrou disponibilidade para tal.

Aliás, quanto a mim, mais uma das coisas boas que resulta da nova política na principal Seleção Nacional diz respeito a isso mesmo: Fernando Santos deu a cara no dia seguinte a um desfecho inesperado, os responsáveis não mandaram ao encontro com os jornalistas um daqueles futebolistas que já se sabe tem poucas hipóteses de atuar, o selecionador respondeu a todas as questões, não se mostrou incomodado mesmo com questões mais «complicadas» e deixou claro que a equipa vai mudar frente à Áustria, encontrando um argumento inatacável e que tem a ver com a condição física dos jogadores. Para mim não será por isso, mas devo respeitar esta ideia «politicamente acertada».

Para muita gente, o desempenho frente à Estónia podia, devia, era obrigatório ser repetido frente à Islândia, mas também com austríacos e húngaros, porque se Portugal é candidato… Daí haver mais gente desesperada do que seria de esperar. É verdade que quem me acompanha televisivamente pode dizer que manifestei o meu desencanto pelo resultado. Sendo verdade, não perdi o norte e até falei de coisas que foram ao encontro daquilo que pensa Fernando Santos, como seja retocar a equipa, pois houve jogadores (e toda a gente viu) que estiveram fora da bitola que se lhes exigia. Nomes: Vieirinha, Danilo Pereira, particularmente, João Moutinho e, até, Cristiano Ronaldo.

Não faço ideia que mudanças serão operadas, mas havendo a garantia de que acontecerão é sinal de abertura e de que o responsável não ficou agradado. Mas há uma coisa que devo repetir: no meio do inconformismo Portugal somou um ponto e ganhando os dois jogos que se seguem, realidade indesmentível, ganhará o grupo e entra, novamente, nos carris do favoritismo defendido pelo selecionador. Se o concretizará não sei – eu acho difícil, estando longe do otimismo do Primeiro-Ministro… -, mas desenganem-se todos aqueles que sonhavam (e sonham) ser possível repetir o que se passou frente à Estónia. Uma vitória indiscutível com toques de malvadez…

Só mais uma coisa em defesa de CR7 que disse, e bem, que isto não é como começa mas como acaba: em 1984 Portugal empatou com a Alemanha e foi arredado pela final, dramaticamente, pela melhor seleção mundial da altura, França; em 2004 começou com uma derrota com a Grécia e chegou à final; em 2012 abriu com desaire frente à Alemanha e não foi à final por «culpa» da Espanha campeã. A única boa exceção foi em 2000, em que a melhor seleção de sempre de Portugal começou a ganhar frente à Inglaterra (3-2) e ficou nas meias-finais aos pés do melhor selecionado do Mundo de então, a França. Logo, o capitão de Portugal tem toda a razão. Isto é como acaba e vamos acreditar que assim será mais uma vez. Eventualmente em Paris!

PS1 – Têm sido marcados alguns bons golos neste Europeu… com equipas a mais e golos a menos. Mas, pela violência do disparo e colocação da bola, para mim o golo da fase inicial da prova pertence ao croata Modric frente à Turquia. Sem qualquer comparação bélica - porque os tempos estão cada vez mais conturbados – uma bomba!

PS2 – E já que falo de Modric espanta-me que não tenha integrado o «onze» da primeira jornada da competição. Nem ele, mas muito menos Iniesta. Não discuto os desempenhos de Kanté ou de Kroos, mas fico surpreso por não ter visto no grupo estes elementos determinantes nos triunfos croata e espanhol. E, já agora, ver ali Cristiano Ronaldo… Só se foi pela dezena de remates…