Merece Pedro Proença - o mais recente e jovem presidente da Liga de Clubes, melhor árbitro mundial de sempre com as cores lusas, uma das raras figuras capaz de ser consensual na hora de arrumar o apito (que se perfile o primeiro dos mais importantes clubes nacionais a dizer que não lhe prestou homenagem) e cidadão possuidor de uma, pose, estilo e presença que vai rareando no mundo do futebol – que se diga que chegou a este cadeirão porque o FC Porto se intrometeu na eleição, para se tornar arma de arremesso contra Fernando Gomes na futura liderança da FPF ou no futuro ser ele o dono da arbitragem?

Dizem-me repetidamente algumas pessoas com quem felizmente me cruzo com frequência no mundo profissional onde me movimento há 40 anos que sou demasiado crente na análise de assuntos que passam para lá da bola que «beijou o véu da noiva». É verdade que tenho tido algumas desilusões, mas também tenho convivido com gente que nunca me desiludiu. Sinceramente, até porque só uma vez cumprimentei Pedro Proença (na Marinha Grande, um par de horas antes de um U. Leiria-Sporting, liderava Sá Pinto os leões, na condição de jornalista de A Bola/Bola TV – convém precisar para que não se pense que sou de inventar), aquilo que desejo, e lhe peço, vá lá, é que não me desiluda, porque acredito em si, na sua forma muito especial que tem de se movimentar, mesmo quando exagera no «meu querido», no ser muito senhor do seu nariz.

Ou seja: não ponho a cabeça no cepo pelo novo presidente da Liga, como não poria, nem nunca pus, por qualquer outro dirigente, mas se Pedro Proença conseguir ser enquanto dirigente como o foi enquanto árbitro, mesmo com alguns erros, estão criadas as condições para que surja a tão esperada lufada de ar fresco no futebol. O que eu quero, em suma, é que quando os clubes, que são quem tudo faz para que haja futebol profissional, votarem contra seja lá o que for (nomeação dos árbitros ou viagens a Marte de bicicleta) a sua vontade não seja contrariada pela AG da FPF, por mais interesses que existam. É isto, Pedro Proença, aquilo que espero de si, porque acredito que pode ser importante na moralização tão necessária a uma indústria capital para largos milhares de cidadãos.

Quanto ao resto, se tem sido o Benfica a estar ao lado do Sporting na eleição de Pedro Proença, Benfica que esteve ao lado do FC Porto nos nove meses de (boa) gestão de Luís Duque, haveria o alarido que para aí vai? E se por acaso estiverem alguns dirigentes de clubes a olhar para Proença como futuro presidente da FPF virá daí algum mal ao mundo? O dr. Fernando Gomes não passou também pela Liga? E agora que Michel Platini concorre a presidente da FIFA, podemos ou não olhar para o líder da FPF como potencial candidato a número um da UEFA? E não vêm aí eleições para a FPF no prazo de um ano?

Relativamente ao que parece ser o mais importante no futebol português, a arbitragem, é impossível Proença ter a tal influência que muita gente acha que vai ter, porque na liderança do Conselho está o seu ex-amigo Vítor Pereira. Apesar dos votos de felicidade há muita hipocrisia pelo meio e não restam dúvidas de quem manda. Também por tudo não me conformo por o sorteio ter sido vetado.

Só mais uma coisa, até para defesa da forma de estar de Pedro Proença: Paulo Costa, apontado como um dos prováveis sucessores de Vítor Pereira, andou em campanha com o novo presidente; tendo em conta que se trata de um membro do Conselho de Arbitragem por mais íntegro que seja… já devia ter-se demitido. Já o presidente da APAF nem tanto, muito embora quem perdeu na contagem dos votos ache que também devia bater com a porta.
 
PS: Michel Platini assumiu-se como candidato a presidente da FIFA. Pessoalmente não me parece boa ideia, uma vez que depois de anos a fio de braço dado com Blatter deu uma de independente. Melhor: deixou o amigo pendurado. Por isso, sejam lá quais forem os outros candidatos, só espero «que leve na corneta».