As Seleções de Portugal continuam na ordem do dia. Seja porque a de sub-20 foi (muito mal e por culpa própria) eliminada do Mundial da categoria. Seja porque a de sub-21 começa a participação no seu Europeu com vista a dobrar (justificadamente) para Jogos Olímpicos e título. Ou, ainda, no que ao futebol diz respeito, porque o conjunto principal deu mais um passo decisivo rumo à fase final do Euro-2016 e depois, mesmo sem CR7, matou um velho borrego italiano na Suíça.

Na ordem do dia continuam, também, os novos técnicos de Benfica - Rui Vitória, que foi apresentado, sem a grande emoção em que a nação encarnada gosta de ver-se envolvida, e partiu para férias – e Sporting, com Jorge Jesus a regressar de vacances e, mesmo só podendo começar a trabalhar no início de Julho, já de mangas arregaçadas. Porém, até ao tão desejado jogo da Supertaça Cândido de Oliveira, no Algarve, entre os dois colossos, muita água correrá sob as pontes e, garantidamente, serão muitas as saídas e entradas para manter o defeso bem vivinho, como a sardinha. E aproveito para dizer que foi uma VERGONHA ver a Associação de Futebol de Lisboa suspender a Taça de Honra porque o Benfica está a estagiar nos Estados Unidos, esquecendo-se que nas últimas edições da prova os leões apresentaram a equipa B...

Assunto de sempre é, inevitavelmente, o melhor jogador português de todos os tempos, Cristiano Ronaldo de seu nome, cidadão nascido na Madeira, invejado por muitos pelos mais díspares motivos. Muitos estão relacionados com a sua vida privada que a mim, assumo ou reassumo, nada me interessa. Mas Ronaldo é igualmente idolatrado por aqueles que gostam da sua exuberância futebolística. Neste final de época, por ordem cronológica, três temas: golos, férias e ingratidão.

Em mais uma exibição muito fraquinha da Seleção – não tenho culpa de nos últimos 20 anos me terem dado ópera e mesmo sem algumas figuras do passado esta equipa é obrigada a jogar mais e a dar mais espetáculo - CR7 obteve frente à Arménia, mais um «hat-trick». O terceiro pela equipa das quinas, «apenas» o 35.º da carreira, ele que soma 55 remates certeiros no selecionado, aos quais junta mais 436 divididos por Sporting (5), Manchester United (118) e Real Madrid (313).

Mais: acabou a temporada com 66 golos (61 em Madrid, 5 por Portugal) e está a apenas 11 de bater o máximo de Raúl Gonzalez nos «merengues»: 323/313. Ou seja: são animalescos os números deste futebolista fantástico, que antes de regressar a banhos não fez as coisas por menos na Arménia. E quanto a isso… Rui Patrício tem de lhe estar muito agradecido.

A banhos tinha estado CR7. Interrompidos esses dias de lazer já desde há muito se adivinhava/sabia (mesmo antes das três bombocas aos arménios) que o reencontro com a Itália ficaria para outra altura. Nesse plano, Fernando Santos fez bem em assumir sozinho as dores da dispensa, mas tal nem era necessário, acho eu. Um jogador como Ronaldo merece de vez em quando estes miminhos. Ou não seja ele o culpado de a Seleção voltar a respirar, muito embora se possa, e deva, salientar que sem ele o borrego italiano foi, finalmente, ao forno.

A finalizar, porque a ingratidão, seja no futebol ou noutra coisa qualquer, é coisa feia, horrível, incrível, não posso deixar de me referir ao inquérito do jornal AS, com metade dos inquiridos, num universo de mais de 31 mil opiniões, a aprovarem a transferência de CR7. Continuem assim que vão por bom caminho. Depois não se admirem se ele for para Paris, ou de novo para Inglaterra, fazer miséria.

PS: Tiro o chapéu, mais uma vez, a Luís Filipe Vieira. Por tudo aquilo que tem feito pelo Benfica, por o investimento nas modalidades continuar a render títulos aos magotes, mas muito especialmente por ter agradecido publicamente à equipa técnica liderada por Jorge Jesus o que fez na Luz durante seis épocas. Mostra bem a sua grandeza enquanto cidadão agradecido e coloca, de vez, um ponto final na poeira que se levantou por o treinador ter optado por ingressar no Sporting.