Nicolau Breyner, fervoroso adepto benfiquista, mas particularmente nome grande do audiovisual português, popularizou na TV, no início da década de 80 do século passado, um programa de grande sucesso que dava pelo nome de «Eu show Nico», sendo o Nico, naturalmente, o diminutivo do seu primeiro nome.

Pois bem, este Nico a que me refiro é também diminutivo mas de Nicolas, cujo apelido é Gaitán. O argentino liderou o Benfica na noite de ontem para uma das mais significativas vitórias encarnadas nos tempos recentes, marcando e dando a marcar no sempre muito complicado Estádio Vicente Calderón, frente a um Atlético Madrid que, desde que comandado por Diego Simeone, nunca havia perdido em casa para a Liga dos Campeões.

Gaitán já foi desejo «colchonero» e que depois deste desempenho – por que não? - deve voltar a ser observado como fruto desejado na janela de transferências já em janeiro.

Ganhou o Benfica, e bem, e com duas vitórias pode, legitimamente, começar a sonhar com a passagem à fase seguinte da Champions, situação muito rara para os lados da Luz, embora tenha tido equipas muito mais fortes nos seis anos do anterior consulado.

Mas, com o triunfo do FC Porto na noite anterior frente a um dos clubes mais poderosos da atualidade, Chelsea, deve dizer-se que esta foi uma bela jornada europeia dos clubes lusos na mais importante competição de clubes.

Duas vitórias na mesma ronda é coisa rara entre nós e - se agora houver continuidade na tripla jornada de hoje na Liga Europa o futebol português continuará a marcar posição no panorama internacional, apesar de não ter um décimo das finanças que outros têm.

Aliás, dando curso ao que de bom fizeram os dois grandes clubes nacionais, individualmente, houve vários portugueses que voltaram a evidenciar-se.

O primeiro de todos… Cristiano Ronaldo: o Real Madrid venceu no terreno do Malmoe, por 2-0, os dois golos foram do capitão da Seleção Nacional, que passa a ter agora 501 remates certeiros na carreira e ao apontar pelos «merengues» o golo 323 igualou o mítico Raúl Gonzalez e em breve será o maior marcador de sempre daquele que é tido pelo maior clube mundial. Também no que diz respeito a treinadores (e Rui Vitória, obviamente, é o grande responsável pela bela vitória benfiquista confirmando aos poucos que se vai libertando do fantasma que encontrou nos corredores do Seixal e Luz…), momentos de glória para Marco Silva (o Olympiakos nunca ganhara em Inglaterra), Nuno Espírito Santo (o triunfo em Lyon contraria positivamente o momento que o Valência vive em Espanha) e André Villas-Boas (o Zenit tem vacilado na Liga russa, mas na Champions está poderoso).

Fica José Mourinho de fora, pois não conseguiu levar o Chelsea ao triunfo no Dragão. Não conseguiu porque os portistas foram mais astutos e confirmou-se que a sua equipa não passa momento feliz, mas o modo emocionado como reagiu à sua perpetuação no museu do clube é digna de um Homem de bem, que sabe ser agradecido e que jamais renegará os anos brilhantes que viveu no FC Porto, causadores do que de muito bom se tem seguido.

PS: O presidente do FC Porto atirou-se à FPF por não se ter feito representar oficialmente no jogo com os «blues»; mas será que a razão está do seu lado? Independentemente do modo como dois vices federativos assistiram ao jogo (Elísio Carneiro e Pedro Proença), a grande verdade é esta: a FPF só podia estar oficialmente representada desde que convidada. Assim sendo, o líder portista bem podia ter comemorado a importante vitória de outra maneira...