Final de temporada futebolística tenso e intenso no plano meramente desportivo, com Taças em discussão, portugueses envolvidos na conquista de títulos, treinadores nas bocas do mundo, saídas e entradas de futebolistas que muito animam o defeso que se avizinha, mas também de perplexidade, por muitos milhões de dólares (ou euros) sujos forrarem as sumptuosas paredes da FIFA, e tristeza, em dois patamares distintos: o da morte, por problemas cardíacos, de três jovens desportistas, entre eles um ex-profissional de futebol, Lucas, aos 35 anos; o do sistemático azar, como acontece com o benfiquista Salvio, que vai, mais uma vez, passar por uma sala de operações.

Começo, aliás, pela situação do jovem futebolista argentino do bicampeão nacional (títulos em que teve participação direta), marcador de 13 golos, 9 na Liga, resultado da presença em 38 jogos em todas as competições. Gosto de jogadores como Salvio: porque vão a direito para a baliza adversária, são rápidos, têm técnica, chutam bem, passam melhor (uma dezena de assistências confirmam o que afirmo), são criativos. Salvio, aliás, como sempre assumo, é desde sempre um dos meus preferidos quando olho cá para dentro. Como Nani, Ricardo Quaresma ou Carlos Mané.

Será por isso, também, por ser um dos meus preferidos, que entendo que o argentino não merecia ter tanto azar. É verdade que muito surpreendido ficaria se trocasse (não a nossa Liga) o Benfica pelo Liverpool (que o diga Markovic…). Sim, certamente ia ficar multimilionário, mas no plano desportivo dava, parece-me, um passo atrás, só que, mais uma vez, todo o azar lhe estava reservado, com nova ida à sala de operações para tratar de grave lesão no joelho direito. É verdade que o benfiquista está na flor da vida e vai recuperar (como recuperou de outras lesões graves, como sejam uma rotura de ligamentos cruzados do mesmo joelho ou as duas no braço esquerdo), mas, caramba, o infortúnio não podia ser dividido por outros, bem longe daqui.

Por isso mesmo, Salvio é um dos grandes ausentes da final da Taça da Liga, onde Jorge Jesus pode conquistar o 10.º título de vermelho vestido, eventualmente o derradeiro do seu consulado de seis anos na Luz, no confronto frente ao Marítimo. Último, porque são cada vez mais fortes os rumores que dão como garantido o adeus ao Benfica. Por haver menos dinheiro do clube para o técnico, mas também porque tudo aponta no sentido de menos investimento.

Último jogo também será o de domingo para Marco Silva à frente do Sporting. Inexplicavelmente, mas é mesmo assim, apesar de ter mais três anos de contrato. Só que manda (mal, parece-nos) quem pode e nem mesmo uma eventual vitória na final da Taça de Portugal – eventual porque o SC Braga é rival forte e também deseja ser destaque – fará mudar a situação. Resta saber o que se seguirá: para irá um jovem treinador com futuro prometedor e quem o renderá em Alvalade.

PS1: há mais um treinador português em destaque. É lá longe, no México, e dá pelo nome de Pedro Caixinha. Muito satisfeito ficaria, pois o seu trabalho deve ser reconhecido, se na madrugada de segunda-feira o Santos Laguna se tornasse campeão do populoso país.

PS2: a bomba que agora rebentou na FIFA já devia ter rebentado. Mas, como diz o povo, vale mais tarde do que nunca. A única surpresa, confesso, é não ver outras figuras diretamente envolvidas. Aliás, foi em parte por isto, que Luís Figo desistiu com a meta à vista, mas quando se meteu ao caminho ninguém lhe disse que em Zurique as paredes não eram de vidro mas de papelão?