Depois da importante e quase decisiva vitória de Portugal frente aos sérvios, o desaire com Cabo Verde, não tão inesperado como se possa pensar, põe em causa aquilo que deve ser o futuro da Seleção Nacional, que é tão só ter a possibilidade de dispor de um campo de recrutamento mais alargado? No currículo, é evidente que fica uma nódoa pela derrota com a equipa comandada por Rui Águas. Mas o objetivo, parece-me, foi concretizado.

Mantendo a sua face mais resultadista do que nunca, assente no mais idoso grupo de futebolistas de que há memória - não se percebe, até, para quando o refrescar do grupo, mas fica óbvio que nesta fase futebolistas como João Pereira, Miguel Veloso, Eduardo, Luís Neto, Varela ou Raul Meireles deixaram de contar - Fernando Santos, quem por ele dirigiu a equipa no banco, Ilídio Vale, e os futebolistas concretizaram o principal: deixar Portugal à porta da fase final do Euro-2016. Mesmo que a exibição, como me pareceu, não tenha sido de encantar, também porque para aí metade da equipa utilizada tenha estado mais para lá do que para cá. Ainda bem que João Moutinho, Fábio Coentrão, Tiago e os (três) centrais (Rui Patrício não teve trabalho) estiveram em pleno.

Seguiu-se, então, num quadro muito especial, o jogo com Cabo Verde. Especial porque os mais conceituados jogadores lusos não puderam alinhar, a começar pelo capitão Ronaldo. E porque, em cima desse facto, por força da proximidade, os nossos amigos africanos jogaram em casa (como ficou bem evidenciado pelo calor vivido na Amoreira) frente a uma equipa que nunca tinha jogado junta. Tudo somado, como se confirmou, não se pode ficar espantado pelo triunfo no jogo de uma das mais consistentes equipas do atual futebol africano. Merece que se diga, aliás, que Rui Águas percebeu na perfeição o ambiente onde ia trabalhar e tem dado continuidade, com o seu cunho pessoal, ao trabalho feito por João de Deus e Lúcio Antunes.

Assim sendo, para lá dos aspetos solidários que norteavam o confronto, Portugal correu riscos que puseram em causa, ou perigo, o futuro da Seleção, o seu recrutamento? Sinceramente não me parece. João Mário, André Gomes, Antunes, Adrien Silva, Cédric, Vieirinha, até Hugo Almeida, André Almeida ou Pizzi já deram provas que fazem parte do grupo principal; depois, Bernardo Silva, Paulo Oliveira, Anthony Lopes, Danilo Pereira, Ukra ou André André, pelo menos estes, reclamaram novas chamadas. Portanto, ter um futuro menos idoso, mesmo na fase final do Europeu, só depende do selecionador nacional. E o importante era que houvesse da sua parte essa vontade… mesmo que, para ele, prioritários sejam os mais velhos.

PS: Domina o futebol, mas não perco de vista as outras modalidades. E aí faço a devida vénia ao voleibol do Benfica pela presença numa final europeia depois de dois jogos fantástico frente ao Ravenna, mas também ao andebol do ABC. Liderado por aquele que foi o maior jogador português de sempre, Carlos Resende, o conjunto minhoto venceu a Taça de Portugal, deixando pelo caminho os favoritos Sporting e FC Porto. Já no plano inverso junto as minhas lágrimas às de Naide Gomes: abandona a competição uma grande atleta mundial! Do mesmo nível de várias outras que Portugal já teve.