Não consigo dizer isto de outra forma: escrevo esta crónica com um sentimento agridoce inacreditável. Por duas razões óbvias: porque entendendo que a Seleção de sub-21 foi a melhor do Europeu custa-me não ter visto estes jogadores talentosos levantar o «caneco»; por este grupo de futebolistas, apesar do insucesso, ser o garante de sucesso do futuro das próximas seleções. Por isso, quatro ou cinco pontos são suficientes para a minha visão do que se passou.

1 – A Suécia estudou bem o que se tinha passado no jogo da fase de grupos e, quase deixando entender desde o início que o seu objetivo era chegar às grandes penalidades, mostrou grande coesão defensiva, enorme disciplina tática e, particularmente, maior frescura física e mental. Depois, foi aproveitou a incompetência lusa e ganhou naquilo que para mim nunca será uma lotaria. Sim, Portugal merecia ter sido feliz, mas histórias destas em futebol existem aos montes.

2 – Bernardo Silva foi para mim o melhor jogador da competição. É verdade que vi com a atenção possível a maioria dos jogos – gostei dos italianos Benassi e Berardi, e dos suecos Guidetti e Lindelof, o do Benfica -, mas não vi ninguém a jogar como o mágico monegasco. Fantástico no controlo de bola, desconcertante na finta, imprevisível no um para um, sim, Bernardo teve coisas de Messi neste Europeu. E daqui para a frente será sempre a somar.

3 – Resumir Portugal ao desempenho de Bernardo Silva seria um insulto à inteligência de quem gosta de futebol, a começar por quem emite esta opinião, pois sendo verdade que o melhor deste grupo é o coletivo inevitavelmente houve mais destaques: William Carvalho (o «penalty» falhado fica na história da prova, mas tudo o que de bom fez anula esse ma disparo), Sérgio Oliveira, José Sá (brutal em todos os jogos, também na final) e Paulo Oliveira. Os verdadeiros príncipes na corte do rei Bernardo.

4 – Rui Jorge, e quem com ele trabalha, também devia estar agora a comemorar. A equipa é boa em múltiplos aspetos: defende com segurança e organização; ataca com qualidade e através de várias soluções; tem personalidade; um modelo de jogo perfeitamente definido. Podem dizer-me que os jogadores são todos bons. Sim, é verdade, mas está lá a marca de um treinador que, a exemplo dos jogadores, depois da Seleção estará, seguramente, num grande patamar.

5 – A FPF tem motivos para estar de consciência tranquila, pois o futuro do futebol das Seleções está mais do que garantido. A juntar aos jogadores que estiveram na Rep. Checa há mais uma dúzia que tinha lugar e há também um grupo considerável que esteve no Mundial de sub-20. André Silva, Gelson Martins, Roni Lopes ou Guzzo são bons exemplos. É o efeito das equipas B ou se se quiser do investimento tão necessário do futebol de base.

PS: Espero que a Assembleia federativa ratifique a decisão da AG da Liga que determinou que na nova época haverá sorteio dos árbitros. Publicamente, muito antes da decisão, já tinha assumido que sou a favor. Por uma razão única: quem nomeia os árbitros nem sempre escolhe os melhores para os melhores jogos. Basta perceber as entrelinhas das declarações de Marco Ferreira. E fico à espera, não o escondo, que Vítor Pereira tome a única atitude possível.