Pep Guardiola regressou a Camp Nou e não conseguiu disfarçar um entusiasmo juvenil, despreocupado, perante a demonstração de talento de Leo Messi.
O Bayern Munique poderá enfrentar o Barcelona nos quartos de final da Liga dos Campeões mas apenas as mentes fechadas punirão o comportamento do técnico espanhol face a uma exibição de gala.
Enquanto Messi rebentava a escala frente ao Manchester City, ficando em branco graças um punhado de milagres de Joe Hart, Carlos Tévez fazia algo semelhante em Dortmund.
Génios diferentes, classe incomparável, a mesma conclusão: os melhores jogadores continuarão a ser a parte mais importante da equação.
O futebol evoluiu para complexidades táticas e lógicas mercantilistas sem fugir ao essencial. Haverá bons e maus presidentes, treinadores de qualidade inequívoca e os outros, inícios e fins de ciclos. Pelo meio, quem reunir mais jogadores com talento estará sempre um passo à frente dos restantes.
Messi continuará a ser Messi, com Pep Guardiola ou Luís Enrique. Cristiano Ronaldo será Ronaldo com Mourinho, Ancelotti ou qualquer outro. Tevez alimenta o jogo ofensivo da Juventus durante os legados de Antonio Conte, Massimiliano Allegri e quem vier depois.
É possível atingir o sucesso sem um grande presidente? Ou um grande treinador? Acredito que sim. Fazer o mesmo sem jogadores de qualidade, parece-me, é desafio hercúleo.
Chego então a Jurgen Klopp, personagem de mérito inquestionável. Com o mundo de olhos postos em Barcelona, o treinador carismático penava no confronto com uma Juventus bem arrumada nas costas de Tévez.
No final, o adeus à Liga dos Campeões e uma imagem marcante: a caminhada solitária em direção a casa.
Jurgen Klopp, zaino in spalla, lascia da solo a piedi il Westfalenstadion:stasera ha fatto errori, ma resta un grande pic.twitter.com/pjL5JijafG
— Massimiliano Nerozzi (@MaxNerozzi)
18 março 2015
O Borussia Dortmund continuará a ter um dos bons treinadores deste planeta e, seguramente, adeptos que elevam a fasquia na comparação com os restantes.
Porém, nem Klopp resiste a um mundo sem Messi. Sem um Tévez. Sem um Lewandowski.
A famosa Sudtribune continuará a planear as coreografias mais brilhantes sem influenciar consideravelmente o desempenho de uma equipa privada de verdadeiros talentos.
Será esta uma visão redutora do fenómeno? Creio que não.
Redutor seria afirmar, perante o desempenho recente, que Allegri é melhor treinador que Conte. Que Klopp deixou de ser um senhor na sua arte. Que o Barcelona não conseguiria resistir sem Guardiola. Consegue. E conseguiria sem Messi? Mais difícil.
Entre Linhas é um espaço de opinião com origem em declarações de treinadores, jogadores e restantes agentes desportivos. Autoria de Vítor Hugo Alvarenga, jornalista do Maisfutebol (valvarenga@mediacapital.pt)