«4x4x3» é um espaço de análise técnico-tática do jornalista Nuno Travassos. Siga-o no Twitter.         

«Atitude». «став».

Após o empate na Choupana, o terceiro consecutivo na Liga, os adeptos do Sporting lançaram um pedido bilingue, ainda nas bancadas do Estádio da Madeira. Um recado com menção especial para o sérvio Lazar Markovic, porventura o jogador mais criticado pelos adeptos leoninos por estes dias.

Se é indiscutível que o avançado está longe do patamar que levou o Liverpool a desembolsar 25 milhões de euros, medir a sua atitude é passar ao lado do problema, até porque o sérvio é mais vítima do que réu na crise leonina.

Markovic pode ter a «obrigação» de conhecer melhor as ideias de Jorge Jesus do que os outros reforços leoninos, mas a verdade é que sobram dedos de uma mão para contar as vezes em que, no Benfica, foi aposta inicial do técnico como segundo avançado. Fez esse papel na visita ao Anderlecht e pouco mais, numa época em que Rodrigo, Lima e Cardozo alternaram na frente.

Cumpridos já nove jogos de leão ao peito, e mesmo com dois golos marcados, o internacional sérvio não tem conseguido «mascarar-se» de segundo avançado. Vertiginoso a explorar o espaço, a embalar de frente para a baliza contrária, Markovic mostra dificuldades evidentes para fugir ao congestionamento do corredor central.

É evidente que a aposta de Jesus terá em conta outros argumentos, como a capacidade para explorar o espaço entre central e lateral, obrigar a defesa contrária a deixar menos espaço nas costas, ou até aparecer na ala quando os extremos fazem o movimento contrário (de fora para dentro). Mas a verdade é que nada disto tem sido eficaz.

E com a ausência de Adrien, antecipada aqui, o Sporting ficou com necessidades acrescidas no corredor central, que Markovic dificilmente podia satisfazer. Com a agravante de que Bryan Ruiz, cuja influência sempre se notou mais em zonas interiores do que na ala, está uma sombra do que fez na época passada (que tal uma troca de posição com Markovic?).

O jogo com o Nacional voltou a mostrar, por isso, um Sporting incapaz de desequilibrar pelo corredor central, até pela eficácia madeirense a fechar esse espaço, inclusivamente com a ajuda dos extremos. A equipa de Jorge Jesus foi «convidada» a jogar pelas alas, mas o lado esquerdo ficou longe de oferecer o caudal necessário, com Marvin Zeegelaar uma vez mais longe da influência ofensiva de Jefferson.

O leão ficou assim dependente da ala direita, sobretudo graças ao inconformismo de Schelotto, a manter também Gelson sempre dentro do jogo, mas encostado à berma foi incapaz de ultrapassar o adversário.