«4x4x3» é um espaço de análise técnico-tática do jornalista Nuno Travassos. Siga-o no Twitter.         

Algo conservador em contextos teoricamente mais acessíveis, Nuno Espírito Santo foi audaz na forma como encarou o clássico. Não só pela aposta feliz em Tiquinho Soares, mas sobretudo por ter juntado Brahimi e Corona, que só tinham partilhado a titularidade em cinco ocasiões (quatro vitórias e um empate).

O atrevimento do técnico portista foi cedo premiado, mas curiosamente em forma de contra-ataque, com apenas dezoito segundos a separar o «balão» de Schelotto para as mãos de Casillas do cabeceamento eficaz de Soares. Um lance que pune uma desatenção de João Palhinha, que escolheu o pior momento para tentar corrigir o posicionamento, e também alguma lentidão de Schelotto a descer no terreno após o cruzamento.

Confortável na vantagem, o FC Porto empenhou-se em cimentar a coesão defensiva, condicionando a primeira fase de construção do Sporting, (ainda mais) debilitada pela ausência de William Carvalho. Com Óliver sempre atento a Adrien, Brahimi e Corona foram notáveis no sacrifício defensivo, conseguindo controlar os laterais do Sporting e, simultaneamente, fechando o corredor central, por vezes em linha com Danilo.

Estável defensivamente, o FC Porto acabou por aproveitar mais uma transição rápida para aumentar a vantagem. E neste caso com apenas catorze segundos a separar o «alívio» de Maxi Pereira da finalização de Soares. Surpreendente a forma como o brasileiro parte de trás e ainda supera Schelotto e Rúben Semedo, com o italo-argentino a perder momentaneamente a noção do posicionamento do adversário, astuto a entrar por dentro para rentabilizar o passe fenomenal de Danilo.

Depois de uma primeira parte em que caiu invariavelmente no passe longo, à procura de Bas Dost, o Sporting melhorou significativamente na segunda parte. A confirmar as boas indicações deixadas nos últimos jogos (Marítimo e Paços de Ferreira, nomeadamente), Alan Ruiz entrou bem no clássico e foi perspicaz a fugir ao raio de ação de Danilo, criando desequilíbrios na organização defensiva portista.

O Sporting começou por atirar uma bola à trave, por Adrien, mas depois marcou mesmo, precisamente pelo argentino.

Mas deixado o aviso, Nuno Espírito Santo reagiu bem, juntando André André a Danilo para estancar o crescimento leonino na zona central, promovido pelas alterações de Jorge Jesus ao intervalo.

O Sporting ainda fez por merecer o empate, mas as duas situações criadas posteriormente surgiram de bola parada, e aí Casillas levou a melhor no duelo particular com Coates, segurando a vitória portista.