*Enviado especial ao Brasil
Dia 1: eis Salvador.
O Mundial 2014 começou com duas horas de atraso. O meu Mundial, claro. O voo Lisboa-Salvador da Bahia atrasou e com isso foi-se a oportunidade de assistir já no Brasil à abertura da Copa.
Mas a verdade é que o aroma a Mundial já se sentia até em Lisboa. O voo veio repleto de adeptos, na esmagadora maioria alemães. Mas também espanhóis, holandeses, belgas e suíços. Vestidos a preceito e prontos para a festa do futebol.
Ao meu lado, um turista holandês questionava: «Então e os portugueses?».
Num voo de Lisboa para o Brasil, a língua de Camões era um bem mais escasso do que se poderia supor.
Expliquei-lhe o que todos vamos ouvindo com cada vez mais frequência nos últimos anos: «É a crise».
Se em condições normais, uma viagem ao Brasil já não seria simples para a bolsa do cidadão comum em Portugal, os exorbitantes preços no mês do Mundial traçam a sentença infeliz: poucos serão os que vão atravessar o Atlântico.
Em Salvador, ainda assim, são esperados 4500 para o jogo com a Alemanha, já na segunda-feira. A maioria fará menos quilómetros. Vive cá ou vive perto. O objetivo é, contudo, o mesmo: apoiar o grupo de Paulo Bento.
A Copa em Salvador começa nesta sexta-feira com um apetecível Espanha-Holanda. A cidade já se vestiu a rigor para o jogo de abertura, o famoso Pelourinho encheu e as ruas ficaram pintadas de amarelo e verde.
Segunda-feira é hora de trocar o amarelo pelo vermelho. E perceber se, mesmo sem aviões repletos a atravessar o Atlântico, Portugal fará soar bem alto o grito de 10 milhões.
