«4x4x3» é um espaço de análise técnico-tática do jornalista Nuno Travassos. Siga-o no Twitter.         

Jogador mais substituído por Rui Vitória na Liga (catorze vezes), Salvio não faz noventa minutos desde a 17ª jornada (empate 3-3 com o Boavista), e neste período de sete jogos incompletos apontou um golo e uma assistência, ambos na goleada ao Belenenses.

O argentino foi mesmo o primeiro jogador encarnado a ser substituído em quatro destes encontros, o último dos quais em Paços de Ferreira, o que comprova o menor fulgor do atual momento de forma.

Rui Vitória tem mantido, ainda assim, a aposta regular em Salvio, colocando Zivkovic do lado oposto, o que parece ter limitado a influência que o sérvio vinha assumindo. Ainda que seja esquerdino (ou precisamente por isso), o antigo jogador do Partizan parece mais confortável na direita. Até a cruzar, mas sobretudo por facilitar as movimentações para o corredor central.

Entre os jogadores que o Benfica tem para as alas, Salvio é o “mais extremo” de todos, aquele que vive mais agarrado à linha. Ou noutra perspetiva, o argentino é aquele que tem mais dificuldade a jogar por dentro, com espaço reduzido.

Quando treinava o Benfica, Jorge Jesus chegou mesmo a estruturar o ataque posicional com Maxi Pereira a entrar por zonas mais interiores, deixando a linha para Salvio. Mas agora o treinador é outro e o lateral também. E Rui Vitória tem contado muitas vezes com as subidas de Nélson Semedo pelo corredor para desequilibrar jogos. Sobretudo os mais fechados.

Importa lembrar, em todo o caso, que o próximo jogo é com o FC Porto, no qual o Benfica dificilmente terá o domínio territorial que assume em 90% dos jogos, e nesse contexto talvez as transições de Salvio façam mais falta do que as incursões de Semedo. Tudo depende também da estratégia que Rui Vitória vai definir.

Curiosamente, a principal interrogação para o clássico de 1 de abril, no que ao FC Porto diz respeito, talvez esteja também do lado direito do ataque.

Jesús Corona voltou ao onze na receção ao Vitória de Setúbal, mas a exibição ficou aquém da espetacularidade do golo apontado. Uma situação expectável, dada a paragem por lesão, mas que pode pesar na planificação do clássico.

Nuno Espírito Santo voltará a contar com André André (e Maxi), e não seria de estranhar que voltasse ao 4x3x3, reforçando a zona central e pedindo a André Silva que funcionasse uma vez mais como falso ala, a explorar o espaço entre Eliseu e Lindelof.