«4x4x3» é um espaço de análise técnico-tática do jornalista Nuno Travassos. Siga-o no Twitter.         

No médico:

- Doutor, se toco na perna dói-me, se toco no braço dói-me, se toco na cara dói-me. O que é que eu tenho?

- Um dedo partido

Por estes dias o dragão é o tal doente da anedota, que está no consultório e tem dores em todo o corpo.

Nas mãos de Casillas, que continuam a tremer mesmo a 600km de Madrid. No adutor de Maicon, que o faz virar costas ao jogo com a bola a rolar, depois de um erro decisivo. Na cabeça de Brahimi, que anda triste em campo e zangado quando sai. Nos pés de Aboubakar, que não encontra a eficácia necessária para esconder a sua solidão.

E se antes o dragão curava-se depressa – e essa era uma das maiores virtudes - agora mostra-se estranhamente hipocondríaco. Que depois da reviravolta no Estoril e da reserva para a final da Taça feita em Barcelos sofre o golo mais rápido da Liga. E que mesmo conseguindo reagir a este golpe acaba por perder em casa com o Arouca.

Não quer isto dizer que os sintomas sejam para ignorar. É realista dizer que o FC Porto não tem um central à altura de algumas figuras históricas do clube. É justo dizer que faltam alternativas para as alas, acentuadas pela saída de Tello.

É evidente também que falta um médio capaz de fazer a ligação ao ponta de lança (assumindo André André outro papel). Um cérebro, um criativo para o corredor central. Um farol para a equipa em momentos de desnorte. Uma lacuna detetada há muito, e que também não foi contemplada numa lista de reforços de inverno que tem como improvável a afirmação no «onze», pelo menos a breve prazo. Um problema que está associado também à falta de referências na equipa, sobretudo entre as opções mais regulares (desenvolvido aqui).

Mesmo com o desconto da «Lei de Murphy» - que este dragão não é tão mau quanto parece agora -, falta fazer o diagnóstico adequado. Sem ignorar os sintomas, mas percebendo que a raiz do problema está no dedo. No indicador. Que não está a apontar na direção que devia.