Num defeso agitado que viu sair os treinadores do Benfica e Sporting a surpresa com estrondo foi Jorge Jesus trocar a Luz por Alvalade, ainda a questão com Marco Silva estava a ser resolvida. À Luz chegava Rui Vitória. A norte, Lopetegui mantinha-se.

O trabalho do FC Porto ia sendo feito sem ruído, e mesmo os 20 milhões pagos por Imbula não tiveram o impacto que a maior transferência do futebol português devia ter. A luta entre os dois grandes de Lisboa dominava as atenções e Jesus esteve sempre na linha da frente. Após a terceira jornada e com a paragem para a selecção é tempo de uma primeira análise.

Jesus, Rui Vitória e Lopetegui perseguem o título mas já todos perderam pontos. A luta é evidente, dentro e fora do relvado e apenas um vai conseguir o objectivo definido à partida.

Jesus foi contratado para ganhar já e para colocar o Sporting na rota dos títulos. O investimento foi feito e os jogadores foram chegando. O perfil estava definido: experiência e qualidade a juntar aos jogadores que ficaram, também de qualidade, para dar corpo a uma equipa consistente e vencedora.

Na Luz, a contenção foi palavra de ordem. Rui Vitória foi contratado e não iria ter à disposição as mesmas armas de que Jesus dispôs ao longo dos 6 anos. O desafio para Rui Vitória era evidente e nada fácil: lutar pelo tricampeonato com menos investimento que o seu antecessor e perante o reforço de Sporting e FC Porto.

No Dragão, Lopetegui sem títulos conquistados na época passada, continuava para a época seguinte. Olhado por uns adeptos com desconfiança mas com a confiança da SAD do Porto, o treinador espanhol era para continuar e a preparação desta época indicou isso mesmo.

Em férias, viu sair vários jogadores e há pouco tempo Alex Sandro seguiu o mesmo destino. Foram seis titulares, entre outros jogadores, que fizeram entrar mais de 100 milhões nas contas do Porto. Face a isto era preciso refazer a equipa e os reforços foram surgindo. Muitos e de qualidade: o Porto construiu um plantel forte e com soluções. À altura que escrevo, e a poucas horas do fecho de mercado, ainda se perspetivam mais negócios, com as chegadas dos mexicanos Layún e Corona à cidade Invicta.

A conquista do titulo está no pensamento de todos. Mas como será a vida dos treinadores este ano? Todos eles vivem com a pressão de conquistar o título. Terá um deles mais pressão que qualquer outro? A pressão de clube grande é enorme mas o contexto do momento pode acentuá-la, ou diminui-la.

A vontade de vencer de qualquer um dos treinadores é evidente. Mas a forma como cada um comunica é diferente e o contexto que os envolve também. As respectivas SAD fizeram o seu trabalho e elevaram as expectativas. A exigência dos adeptos não se satisfaz com menos do que títulos.

Lopetegui é, quanto a mim, aquele que pode ter em risco a permanência para o próximo ano se não vir conquistado o título. Depois de todo o investimento feito a época passada e este ano, sempre com plantéis de qualidade, ganhar é quase uma obrigação.

Jesus assinou por três anos e ganhar títulos já está no pensamento de todos os sportinguistas. A entrada determinada e com força, no campo e na forma como aborda as questões eleva as expectativas e, ao mesmo tempo, a exigência. Para já, uma Supertaça está no Museu, reforçando o entusiasmo dos adeptos.

A não entrada na Liga dos Campeões foi um enorme revés para o Sporting. Perdeu-se dinheiro e o prestígio conferido pela melhor competição de clubes. Face a isto, não atingir o objectivo do título, face à forma como tudo foi preparado, será uma desilusão. No caso de isso acontecer veremos quais as futuras condições que Jesus terá: manutenção ou reforço do investimento, será a questão no próximo ano.

Por fim, Rui Vitória foi o escolhido do Benfica, depois de seis anos com Jesus. As conquistas dos últimos anos e as histórias entre o antigo treinador e o Benfica não ajudaram à sua entrada. Perder a Supertaça retirou confiança e deixou o ambiente toldado por dúvidas.

Sem três titulares do ano passado a equipa tem apresentado um jogo desgarrado, pouco consistente na construção e inseguro defensivamente, a fazer brilhar Júlio Cesar. A equipa ainda não funciona como quer e o mau início fez a SAD procurar novas soluções. A permanência de Gaitan (tudo indica que sim) fará respirar de alivio Rui Vitória

Esta paragem da Liga permite pensar sobre o que foi feito e principalmente, definir o que é preciso melhorar. Mesmo não jogando bem, construir sobre vitórias permite crescer de uma forma sustentada e progressiva e este é por agora o desafio de Rui Vitória. A necessidade de vencer e defender o titulo coloca todo o trabalho do treinador sobre escrutínio diário. Esta é a nova vida de Rui Vitória.