Na vida temos quase sempre pelo menos duas opções para uma determinada situação. Não se trata de uma frase de autoajuda, mas é a pura e simples realidade. Hoje, não sei por onde anda o futebol de que aprendi a gostar. Já andou pelas ruas da amargura. Uns consideram que por lá continua, outros, mais otimistas, acreditam que não.

Felizmente, existem sempre as transmissões de alguns jogos lá por fora e que o adepto aqui em Portugal pode seguir, sem que chegue a saber das confusões (a existir) que gravitam à volta dessas equipas ou jogos.

Bem podemos sublinhar o bom exemplo de Pepa e de Miguel Cardoso. O dos milhares de adeptos que seguem as suas equipas em alguns dos jogos das divisões inferiores comparativamente com os da Liga. Às boas decisões que os árbitros tomam, várias jogadas interessantes, entre outras coisas.

No entanto, a verdade – e não se trata de choradinho – é que, fim de semana após fim de semana, a balança pesa mais para o lado negativo. São importantes as formações que a Federação iniciou? Claramente. Serão importantes as sensibilizações de ética no dirigismo e em outros agentes desportivos? Claramente. Só que o futebol do nosso País não vive numa ilha e os acontecimentos polémicos acabam por prejudicar sempre economicamente qualquer que seja a indústria em que acontecem.

Aquilo que vemos semanalmente nos estádios – e em muitos programas de televisão – é lixo. É ruído. Não vai lá com sensibilização. Essas sensibilizações e formações são importantes para quem ainda não está totalmente moldado às suas identidades, mal formadas.

Tem de existir coragem de afastar estes supostos agentes desportivos.

O desporto tem o seu lugar próprio para fazer a reinserção social. Nas camadas jovens. No desporto prisional. Em projetos sociais que combinam o jogo, com as dinâmicas de grupo e com objetivos de alguma higiene mental e social. O desporto supostamente profissional não deve servir para que os dirigentes dos clubes possam fazer o que lhes apeteça e continuem impunes.

A economia no desporto tem demonstrado ano após ano que, num momento inicial, estas polémicas atraem mais público, mas trata-se de um público que não é fiel ao jogo em si. É um público que irá seguir o futebol até que as polémicas se mantenham ou apareça outro local que supere essa sensação de estado caótico que beneficie as polémicas. Se esse estado se mantiver por demasiado tempo, vai fazer com que, em determinado momento, quando o futebol passe a ter um estado novamente mais calmo, os adeptos que eram fiéis já se tenham deslocalizado para outras sensações, desportos e atividades. Deixam de gostar de futebol? Não. Mas deixam de segui-lo.

É aqui que os nossos clubes vão perceber – desconfio que os clubes ditos mais pequenos já perceberam, dado que não movem as verbas que os ditos grandes movimentam – que as polémicas são algo que prejudicam as finanças de qualquer clube.

Pergunto aqui em voz alta: um potencial patrocinador pode dar ou manter o seu apoio a uma entidade que tem uma claque oficial liderada por um elemento que publica uma foto de um árbitro ensanguentado no balneário? Teremos de esperar para ver.