Parece que todo o início de época o tema da rotatividade e das mudanças nos processos das equipas volta a ser destacado. Não apenas pela rotatividade em si, mas também por aquilo que acarreta. E aí entram as oportunidades, riscos e desafios para os atletas, equipa e treinador. Nas últimas temporadas desportivas o treinador mais em destaque nesta temática era o espanhol Lopetegui, ex-treinador do Porto. Este início de época tem dois casos, embora por razões distintas. Nuno Espírito Santo e Rui Vitória.

O treinador do FC Porto tem assumido (explicitamente) a necessidade de encontrar equilíbrios naquilo que é um plantel com algumas limitações em termos de jogadores para determinadas posições, mas também tem sido um modus operandi para ir experimentando vários jogadores e modelos de jogo ou planos de ação. E percebe-se que faz parte do seu modo de estar ou trabalhar, porque não tem sido o desempenho da equipa – bom ou mau – que tem determinado se esse plano de ação ou modelo de jogo se mantém ou não.

Os treinadores sabem que por um lado a rotatividade é importante para um grupo. Para manter a competitividade, a motivação de quase todos, para ter os jogadores sempre no ponto a estarem prontos para serem chamados a qualquer hora. Mas também sabem que os processos e as dinâmicas se conseguem por treino, competências, habilidades, mas também repetição vs erro vs melhoria. E que a rotatividade se for realizada nos momentos e nos processos incorretos pode desmantelar um conjunto de boas práticas ou adiá-las.

O desafio do treinador do FC Porto é de modo célere encontrar o ponto de equilíbrio entre os dois eixos: exibições / aquisição de processos e as vitórias. Nem sempre andam acompanhados, é verdade, mas quando o denominador comum são os dois eixos não existirem sequer, é um risco enorme para a carreira da equipa e para a continuidade dos treinadores.

Por outro lado, o tema da rotatividade vem à baila com Rui Vitória por causa da obrigatoriedade do treinador benfiquista ter de encontrar soluções devido às constantes lesões. Um tipo de rotatividade quase que ‘obrigatória’, mas que denota os seus riscos e problemas. Apenas com a nuance que os jogadores se sentem menos pressionados e isso pode dar uma maior garantia de tolerância ao erro, mesmo tratando-se de equipas grandes e apenas lhes interessar um resultado.

Rui Vitória no ano passado ‘descobriu’ um conjunto de jogadores que aproveitaram as lesões dos colegas para aparecerem e se manterem. Desde Ederson, Lindelof, Renato Sanches, etc. Todos nos lembramos que foram tempos conturbados aqueles primeiros meses, mas a verdade é que os processos – mesmo quando não eram famosos – permitiram que a equipa não se desligasse dos objetivos da época desportiva.

O desafio para esta época é semelhante e a juntar a isto, o facto de identificarmos no treinador português um hábito de permitir oportunidades para quase todos. E isso cria também a expectativa de que a rotatividade existe quase por ser uma marca do treinador. E como em quase tudo nos comportamentos dos treinadores, conseguimos encontrar vantagens, desvantagens, oportunidades e riscos!