Não é do jogo interior que falo ou da necessidade de a bola entrar mais aqui ou ali. Falo mesmo da comunicação interna, aquela que é produzida (e deveria ser gerida) no interior do clube. Mais do que uma questão da equipa de futebol, é à própria estrutura que se pede agora que saiba impor um ritmo adequado aos tempos mais conturbados para o lado de Alvalade.

Bruno de Carvalho e a sua equipa tiveram o condão de agitar as hostes sportinguistas. Trazer-lhes bastantes expectativas e vencer alguns troféus no futebol. Criaram uma onda verde que animou quem segue as competições internas. Mas o ano passado deveria ter trazido alguma aprendizagem. Já sabemos – quem acompanha isto há algum tempo – que Jorge Jesus, sempre que teve oportunidade e mais mediatismo – após a sua entrada no Benfica –, gosta de dizer o que pensa e lhe apetece e que isso nem sempre são boas notícias para as suas equipas e clubes. A estrutura sportinguista deveria na minha opinião estancar a comunicação interna. Quer para o exterior quer no interior da estrutura sportinguista.

Não houve um blackout a sério e o desalinhamento comunicacional é presente. Se isto faz perder jogos? Claro que não. Se pode agitar as águas do clube? Sim. E isso sim, já não é bom para a equipa. Ao contrário do que se apregoa e é possível ler por alguns jornalistas, os estudos sobre a realidade e não o achómetro, demonstram que é a estrutura que vence campeonatos por regra. Há exceções sim, mas não passam disso mesmo: exceções.

Então o que é isso da estrutura? É desde a figura máxima do Presidente aos ínfimos pormenores da gestão e organização interna. Staff, equipa técnica, scouting, equipa médica, órgãos do marketing externo e marketing interno. Bem como a responsabilidade de quem comunica e o que comunica. Penso que aqui o Sporting pode claramente dar um passo grande e até às eleições ganhar mais do que perder. Não falo em campo, falo de tudo o que pode sair cá para fora durante o mês e meio da campanha.

Mesmo que aquilo que seja dito por Bruno de Carvalho possa não ser o que muitos adeptos sportinguistas quereriam ouvir, é preferível que o discurso seja centralizado do que espartilhado por mais dirigentes. Não é altura de afirmar o que se pensa, mas sim aquilo que é o melhor para o presente momento. Ainda falta muito campeonato e, apesar do plantel sportinguista ter qualidade, sabemos que quando as coisas começam a correr mal, a probabilidade de continuarem a correr mal é maior.

Perceberei as palavras do segundo lugar de Jorge Jesus se for para focar a equipa para daqui a quinze dias. E não que seja mais uma opinião sem o filtro de pensar o que poderão pensar os jogadores quando ainda faltam 16 jogos para terminar a época.