Mais do que o triunfo esperado sobre o Vizela ou a boa série de resultados dos encarnados, a grande notícia da noite para o Benfica é o regresso de Jonas aos golos.

O brasileiro, melhor marcador e melhor jogador da última temporada, estará ainda muito longe da forma ideal, mas após tanto tempo de afastamento provou que a sua relação com o golo permanece intacta.

Depois de ter passado longos meses sem o seu goleador, o regresso em pleno trará certamente maior impacto ao ataque da equipa de Rui Vitória, que viu também talvez a primeira prova de talento de Zivkovic em solo português, com três assistências do jovem sérvio. Para dois jogadores que procuravam recuperar ânimo perdido foi uma excelente noite.

Faltará ainda Carrillo e também Rafa aproximarem-se do seu melhor, bem como as recuperações de Salvio e Grimaldo, para a plenitude total de um plantel que irá ser posto muito à prova já em Guimarães e ao longo das próximas semanas, que incluem o duplo embate com o frenético e favorito Borussia Dortmund na Liga dos Campeões.

A recuperação de Jonas é uma excelente notícia para o futebol português, que tem tido esta época em Gelson Martins um dos seus maiores expoentes. É o jogador de maior influência da equipa de Jesus, a par talvez de Adrien, o que diz muito do seu crescimento, longe ainda de estar finalizado o seu potencial.

Ao jovem leão faltará encontrar a melhor definição em algumas jogadas, sobretudo no último passe, mas a irreverência e sobretudo o arranque imparável têm ajudado a inclinar muitos jogos para a equipa de Jorge Jesus, que até tinha ido ao mercado no verão, com as aquisições de Joel Campbell – que tem crescido do lado contrário, sobretudo no um-para-um e na facilidade de cruzamento – e Markovic.

A Jesus ainda estará pela frente o desafio de encontrar o outro nome da dupla com Dost e uma alternativa à altura de Adrien para fazer descansar o capitão.

No Dragão, André Silva e Diogo Jota, e mais recentemente Brahimi, vinham a disfarçar alguma irregularidade da equipa de Nuno Espírito Santo, mas a ausência do primeiro por lesão coincidiu com o afastamento da Taça da Liga, e a perda do segundo para a CAN, com Otávio em recuperação, reduz substancialmente o potencial criativo da equipa. Algumas dores de cabeça para o treinador adivinham-se nos próximos tempos, sendo que o aumento do atraso na Liga é nesta altura probitivo.

Haverá ainda que pesar a influência que o mercado terá nos três grandes, seja em entradas ou saídas importantes, na corrida ao título, o seu maior objetivo. Vale a pena referi-lo como parêntesis. 

Jonas disse presente para o sprint final, disposto a recuperar o lugar de grande figura do campeonato. Seria injusto não falar de Pizzi, o verdadeiro cérebro do conjunto da Luz, que aproveitou igualmente a ausência do brasileiro para se acercar mais da área e assinar vários golos, mas a volta do Pistolas acrescentará ainda mais ideias a um ataque que tem sido bastante competente e até o médio poderá beneficiar de ter mais alguém na equipa a falar a mesma língua.

Parte com atraso e concorrentes de peso, mas certamente que Rui Vitória agradecerá  nível de ambição semelhante ao passado. A classe é inegável.