«4x4x3» é um espaço de análise técnico-tática do jornalista Nuno Travassos. Siga-o no Twitter.         

Elias? Meli? Petrovic? Bruno Paulista? Debater o substituto de Adrien é, antes de tudo o mais, um exercício de elogio ao capitão do Sporting.

Daí que ouvir Jorge Jesus dizer que «não é fácil encontrar um jogador como ele» está longe de ser um exercício de pré-desculpabilização ou de desvalorização das alternativas. É antes o justo reconhecimento da influência que o médio leonino assumiu nos últimos anos, sobretudo desde que foi emprestado à Académica.

O louvor a um crescimento sólido e contínuo, a lembrar que os jogadores têm tempos de maturação diferentes. Não quer isto dizer que Adrien tenha aparecido tarde, apenas que está entre os jogadores que parecem ter o tempo como aliado. Cada lance disputado é uma lição para ser melhor já no jogo seguinte.

O crescimento de Adrien no Sporting vem também refutar (uma vez mais) a célebre questão da falta de intensidade, como se fosse preciso dar dois «piques» e fazer um carrinho a morder a língua para marcar posição.

Adrien nunca precisou disso, nem mesmo quando foi lançado por Paulo Bento na equipa principal, como «6». Mas é verdade que a experiência como «10» na Académica foi fundamental para que se transformasse num grande «8».

Regressou com Sá Pinto, Jesualdo não o deixou cair, Leonardo Jardim e Marco Silva deram-lhe espaço para crescer. Mas foi o 4x4x2 de Jorge Jesus que puxou Adrien para patamares de excelência, sabendo-se a exigência do papel «8» para o técnico.

Se William é o porto de abrigo da equipa, Adrien é o farol. O guia que está no meio das pedras mas que, ainda assim, sobressai na agitação. Uma luz firme a indicar o caminho, por mais turvo que seja o horizonte. Por mais intensa que seja a pressão, por mais curto que seja o espaço, Adrien nunca perde a serenidade.

Jesus elevou a fasquia e Adrien chegou lá. Tão alto que até um jogador da craveira de Aquilani viu-se incapaz de lá chegar.

Daí que as dúvidas relativas à sua substituição não residam propriamente na qualidade das alternativas, mas sim no patamar de exigência.

A partir daqui é fácil concordar com Jesus quando este diz que Elias é o jogador mais próximo desta exigência. Pela qualidade, pelas características e até por ter maior conhecimento do clube e do futebol português. Mas Elias não é Adrien, e seria muito injusto olhar para ele como tal nas próximas semanas.