Deixar de fora uma das promessas da Serie A como Bruno Fernandes é um luxo a que poucas seleções de sub-21 se podem dar. Podia ser um capricho do selecionador, mas não, é mais uma prova da qualidade que existe na comitiva lusa que vai disputar o Campeonato da Europa.
 
E quem fala de Bruno Fernandes deve destacar também Rúben Pinto, o outro elemento riscado da pré-convocatória. Ou Bruma, que nem sequer foi incluído na lista de Rui Jorge.  Ou André Gomes, que se não fosse a lesão grave provavelmente seria cedido por Fernando Santos, tal como William e Bernardo Silva.
 
E pensar que o grupo ainda podia contar com Rony Lopes, que no entanto foi «cedido» aos sub-20, tal como Rafa, dada a qualidade existente no escalão acima. A gestão dos responsáveis federativos é compreensível, e evidencia também o talento incluído na seleção que está na Nova Zelândia.
 
São duas gerações que refletem a importância das equipas B, e no caso concreto da seleção sub-21 estamos perante uma relação direta entre a qualidade das opções e o regresso das equipas secundárias, em 2012.
 
Não fosse esse patamar competitivo de transição e a fasquia estaria mais baixa. Indiscutivelmente. Esta é uma geração sustentada à conquista da Europa.
 
Mas se as expectativas são elevadas, isso também é «culpa» de Rui Jorge. É que os últimos anos têm provado que ter bons valores nos sub-21 nem sempre é sinónimo de ter uma boa equipa, e o selecionador tem conseguido conciliar os vários talentos à disposição.


 
Quando se chega à fase final com dez vitórias em igual número de jogos é inevitável sonhar, mas isso não quer isto dizer que o título europeu seja uma iminência. A margem de erro é muito curta numa competição como esta, e o grupo é complicado. A Itália é uma eterna candidata e a Inglaterra parece estar a lançar bases muito interessantes para um futuro mais risonho, sem esquecer que a Suécia deixou a França de fora.
 
E no outro grupo temos uma Alemanha que impressiona logo na baliza, com Ter Stegen, Bernd Leno e Timo Horn como opções.
 
Esse é, de resto, um posto em que Portugal não tem a mesma oferta, tal como o velho problema do ponta de lança. Mas ainda assim esta geração dá-nos motivos para acreditar no título inédito. E nem podia ser de outra forma, com jogadores como João Cancelo, Paulo Oliveira, Tiago Ilori, Raphael Guerreiro, Rúben Neves, William Carvalho, Bernardo Silva, João Mário, Rafa Silva, Gonçalo Paciência e por aí fora...
 
Está de parabéns a Federação Portuguesa de Futebol e estão de parabéns os clubes. Como se vê saem todos a ganhar.

«4x4x3» é um espaço de análise técnico-tática do jornalista Nuno Travassos.  Siga-o no Twitter.