«4x4x3» é um espaço de análise técnico-tática do jornalista Nuno Travassos. Siga-o no Twitter.

Perdoem a pergunta que dá título ao artigo. Não é um recurso ao clickbait, é antes uma crítica ao «resultadismo». É que se Rui Jorge trabalhasse para um clube e não para uma seleção, provavelmente a pergunta já andaria no ar.

No comando dos sub-21 há sete anos, o antigo lateral esquerdo ainda não ganhou qualquer troféu. Nem mesmo com a seleção olímpica que levou aos jogos do Rio2016.

Para quem gosta de olhar apenas para o palmarés, é este o argumento. Quem tem a preocupação de ver mais além sabe que Rui Jorge só não foi campeão europeu em 2015 porque Portugal perdeu com a Suécia nos penáltis. E saberá também que a equipa das quinas caiu agora na fase de grupos do Euro2017, apesar de ter ficado em segundo lugar, quando no torneio principal a UEFA reúne o dobro das seleções (24) e até dá passagem a equipas que ficam em terceiro lugar no grupo (Portugal bem aproveitou no Euro2016).

Em seis anos, os sub-21 lusos só perderam um jogo, e frente à Espanha, a maior potência da última década na formação. Isso pode ter sido suficiente para impedir a passagem de Portugal às meias-finais, mas não apaga o trabalho de sete anos.

Por mais comum que se tenha tornado, não é justo sustentar a opinião num desempate por penáltis ou por uma derrota apenas. E aqui a distância entre sucesso e insucesso foi assim tão ténue, punindo uma qualidade de jogo que merecia recompensa.

Não quer isto dizer que Rui Jorge esteja acima de qualquer crítica. Entre a aposta em Bruma apenas ao terceiro jogo (como titular), ou o desconforto que a equipa mostrou em losango, sobretudo no plano defensivo, haverá aspetos a apontar.

A discordância faz parte, mas o essencial é perceber que o legado pode não estar nos resultados. Sobretudo quando estamos a falar de formação.

Rui Jorge pode não ter troféus, mas a sua maior recompensa está na mensagem que deixa aos jogadores. É que no dia em que interessar apenas o resultado os adeptos aparecem só no fim do jogo para saber quanto ficou.