A quinta jornada da Liga trouxe o equilíbrio e a emoção no topo da tabela e algum tempo para respirar a quem se encontra mais em baixo. Erros graves trouxeram novamente a arbitragem para a ordem do dia. Antes e depois. De treinadores a presidentes, tudo fala.

É fácil.

Olhar para dentro de casa e verificar o que está mal ou correu menos bem normalmente não é o exercício. A perda de pontos de Sporting e FC Porto, com Rio Ave e Estoril, permitem a subida de Benfica e Sp. Braga. As equipas que defrontaram também sabem jogar e têm qualidade. A Liga passada, e o que está a ser feito nesta, prova isso mesmo.

O Sp. Braga recompõe-se das duas derrotas seguidas e do afastamento europeu e demonstra que quer marcar presença. Está em segundo.

O Benfica, com sorte à mistura, trouxe um excelente resultado da cidade berço. Em Guimarães, Cardozo voltou aos golos mas o que fica deste jogo para além da vitória do Benfica é a atitude de Jesus perante as forças policiais.

As situações com Jesus vão-se sucedendo mas há sempre espaço para a surpresa. O que lhe passa pela cabeça? Já não existe autoridade? Este não é exemplo de um líder. Pode errar? Sim, mas não desta forma. Pelo que foi noticiado, e não por ele, pediu desculpas ainda no estádio. Por que razão não o fez na conferência de imprensa? Fê-lo 48 horas depois, na Benfica TV. Que tipo de mensagem passa?

Jesus não pode exigir nada a ninguém, comportando-se desta maneira. Ser treinador não é apenas mexer nas peças, conhecer meio mundo, saber usar a melhor táctica e afins. Mais do que ganhar ou perder é a forma como nos comportamos e agimos que define quem nós somos. É dar o exemplo. Respeitar e fazer-se respeitar. Jesus começa a ser nesta altura um problema para o Benfica.

A questão técnica táctica é importante mas as outras acções inseridas no contexto começam a ter muita influência. Como ele gosta de dizer «eu penso a estrutura». E como o deixaram crescer! A estrutura é Jesus. Sem mais. É incompreensível como Jesus fala, age e ninguém no Benfica toma posição, ele é apenas o treinador de futebol com as respectivas competências.



Entre outras, estas: trabalhar diariamente para atingir os objectivos definidos; manter o plantel focado e motivado; pôr em prática as suas ideias e concepção de jogo; potenciar os jogadores à sua disposição e por aí fora.

Uma nota positiva para Raul José, adjunto de Jesus há várias épocas. Tem sido aquilo a que se costuma chamar de fiel escudeiro e muito se deve a ele os problemas não serem maiores. Foi na confusão com um jogador do Nacional, foi no caso Cardozo e voltou novamente a sê-lo neste lamentável incidente em Guimarães. Em todas elas, Raul José foi o pronto-socorro de Jesus e por consequência do Benfica. Apesar do esforço, o Benfica tem saído sempre mal na fotografia. E até ao momento o Benfica usou o mesmo exercício. Saiu um comunicado mudando o foco de atenção. Critica Paulo Fonseca e sobre o assunto Jesus nada.

Curiosamente Jesus também esteve na Amoreira nas palavras de Paulo Fonseca. Segundo ele a estratégia de Jesus teve influência no resultado na Amoreira.



Errado.

Apesar do erro de arbitragem, Paulo Fonseca tem de perceber o que a sua equipa não foi capaz de fazer. Isso sim tem de ser a meu ver a sua preocupação. Depois de dar a volta ao resultado não soube manter e até aumentar e acaba por empatar justamente. Não me lembro de o Paulo ter falado em árbitros ou procurado justificações. Esteve, a meu ver, mal. Cedeu à tentação. Não me parece o melhor caminho. Estão todos a tentar marcar posição mas será que é assim que se encontram os vencedores. Não acredito.

Uma palavra final para Mitchell van der Gaag. Não teve a oportunidade de ver a primeira vitória da sua equipa. Assistido ainda na primeira parte, seguiu para o hospital. Ficou bem a dedicatória de alguns jogadores. Sabemos que não vai estar no próximo jogo. A equipa precisa dele. Rápidas melhoras é o meu desejo.