Para um jovem de 24 anos, ver 40 mil espectadores a assistir a um jogo de reservas é, no mínimo, mágico. Para Sérgio Leite, jogador do Charlton, são memórias que ficarão gravadas. O jogador sente que aprendeu com as diferenças do futebol britânico: «É um futebol mais rápido, mais intenso. Não há tantas quebras como em Portugal. As pessoas gostam de viver o jogo do primeiro ao último minuto. Em termos dos guarda-redes, é uma técnica um pouco diferente e sinto que evolui como guarda-redes. Apesar de ter uma técnica diferente da praticada em Inglaterra, penso que adquiri algumas coisas boas aqui. Nomeadamente no posicionamento na baliza e atitudes, que me fazem crer que cresci como atleta.»
Em ano de Euro muito se fala nos hooligans. Sérgio Leite explica que os ingleses vivem o futebol de uma forma muito própria, que chega a roçar o fanatismo. O guarda-redes recorda o ar de admiração dos estrangeiros do Charlton quando receberam os bancos de um automóvel para autografar: «Existe um calor humano como nunca vi. Na semana passada fomos a Leeds para jogar com uma equipa que já estava relegada e estiveram cerca de 40 mil adeptos a apoiá-los do princípio ao fim, como nunca vi na vida. Nem no Manchester nem no Chelsea os adeptos são assim. Esta é uma demonstração do fanatismo saudável que há. Quando se define o adepto inglês como hooligan... Acho que os ingleses são dos melhores adeptos do Mundo. Comprovei isso. Claro que há excepções e são elas que têm de ser controladas. A selecção inglesa faz falta a qualquer Europeu e a qualquer Mundial porque tem uma massa de seguidores muito próprios. Eles sabem como se ama o futebol e o que é amar o futebol. É uma paixão que faz parte da sua vida.»