Domingos ainda não tem muitos anos como treinador, mas a sua eficácia e qualidade podem ser atestadas pelo segundo lugar que o Sp. Braga ocupa no campeonato português. O técnico de 41 anos revelou alguns dos seus segredos para o sucesso esta quinta-feira, no debate em torno do lançamento do livro «Futebol: a competição começa na rua», da autoria do Professor Silveira Ramos.

«Domingos foi um grande miúdo a jogar à bola»

Antes de Domingos se estrear no F.C. Porto, com 19 anos, passou por um futebol que na opinião do técnico é vital. O futebol de rua. Essa realidade é esplanada no livro que Domingos aconselha vivamente. «Quem nasceu, cresceu, viveu e jogou na rua, hoje consegue dar razão e credibilidade ao que este livro diz. Um treinador tem que estar em permanente evolução, e este livro pode ser a base para isso».

De facto, a passagem pelos relvados na qualidade de jogador traz-lhe vantagens no seu trabalho actual. «Acho que ter sido jogador me conferiu uma facilidade em enfrentar o desafio de treinador. Fez com que eu soubesse o que é que os jogadores gostam de ouvir e deu-me uma excelente noção das palavras que deveria utilizar enquanto treinador. Porque já sei o que é que motiva um jogador. E isto não significa falta de honestidade. Acima de tudo ser honesto. Podemos muitas vezes magoar um jogador com as palavras que lhe dirigimos no final de um encontro menos conseguido, mas sabemos que ali ganhamos um jogador. Porque fomos correctos, honestos e acima de tudo credíveis», reiterou.

«Um líder passa muito por aquilo que diz e pela postura em campo»

E esse conhecimento do que é estar «do outro lado» conferem a Domingos as competências necessárias para conseguir ser um líder no Sporting de Braga. A retórica e a capacidade oratória são vitais para a liderança. «Quando se elogia um jogador tem que ser algo directo e franco. Um líder passa muito por aquilo que diz e pela postura que tem em campo. Se dissermos uma coisa e em campo não o concretizarmos, então vamos perder toda a credibilidade», indicou o técnico «arsenalista».

Todas as equipas precisam de uma mão forte do treinador, e o Sp. Braga não foge à regra. «O espírito de liderança é muito importante. Muitas vezes alguns treinadores têm muitas competências, sabem como ganhar jogos, e são bastante credenciados, mas são ultrapassados por treinadores que têm um grande espírito de liderança e sabem agarrar os jogadores», referiu Domingos.

Bobby Robson, o modelo a seguir

Se houve técnico com que o treinador dos bracarenses aprendeu foi com Bobby Robson. O inglês foi para Domingos alguém que o motivou bastante, enquanto jogador. «Chegava ao final do treino e perguntava muitas vezes «já acabou?». Isso é sinal de que o treinador sabe motivar bem os jogadores para trabalhar no dia-a-dia», referiu, antes de indicar que Bobby Robson é um exemplo a ser seguido.

«O Robson é um verdadeiro modelo. Diz-se que os jogadores portugueses não gostam de trabalhar. O que eu acho é que os jogadores portugueses não gostam de trabalhar mal. E o Robson sabia muito bem como fazer o seu trabalho. Era muito motivador e um verdadeiro líder».