O P. Ferreira perdeu uma oportunidade única de respirar fundo. Depois da vitória em Braga, a formação de José Mota ficou a uma vitória dos 40 pontos que praticamente lhe garantiam a permanência. A Mata Real rodeou-se por isso de euforia, naquela que terá sido a maior enchente da época, mas acabou por sair de cabeça baixa.
O empate na recepção ao Belenenses é curto, muito curto, como terão percebido todos os cerca de seis mil espectadores. O P. Ferreira continua acima da linha de água, é certo que sim, três pontos para já acima dos lugares de descida, mas fica com um calendário tremendo para quem precisa de dois pontos. Viaja aos Barreiros e recebe o Benfica.
Por isso este empate terá sido penalizador sobretudo para a formação da Capital do Móvel. O Belenenses está exactamente na mesma situação, tem 38 pontos tal como o Paços, mas tem até final da época uma recepção à Académica e uma deslocação a Barcelos. Fazer dois pontos parece neste caso bem mais simples.
Apesar do que se disse atrás, o Belém nunca encarou o encontro na perspectiva do empate. Desde o início que olhou o P. Ferreira na cara e tentou disputar o jogo. Durante certos espaços dispôs até de mais iniciativa. Logo no início da partida, por exemplo. Curiosamente na altura em que o adversário acabou por criar mais perigo.
Ora eu, ora tu
Jogando em contra-ataque e aproveitando os espaços deixados em aberto pelo adiantamento do adversário, o P. Ferreira entrou no jogo a criar perigo. Despejou velocidade sobre o relvado e problemas sobre o Belenenses. Numa das várias jogadas rápidas chegou ao golo por Edson, depois de uma excelente combinação entre Junior Bahia e Didi que espartilhou a defesa do Restelo. O golo encheu de fé os adeptos da casa e logo a seguir o mesmo Edson lançou a velocidade de Rui Dolores, que se isolou e ficou com tudo para marcar o segundo. Marco Aurélio defendeu e segurou nesse instante as esperanças do Belenenses. Projectadas quinze minutos depois num remate portentoso de Ruben Amorim. O médio encheu o pé e meteu a bola no ângulo. Na primeira situação de perigo, a equipa empatava.
Ora o Belenenses, que até se tinha desorientado um pouco com o golo adversário, recuperou e recompôs-se. Voltou a recolocar os batimentos cardíacos no número certo, uniu-se e tornou-se um osso bem mais duro de roer. O P. Ferreira tentou sempre, até ao fim do jogo, chegar ao golo que lhe permitisse libertar a festa, mas o melhor que conseguiu foi duas bolas nos ferros. A primeira por Junior Bahia a segunda por Geraldo já muito perto do fim. Num jogo disputado taco-a-taco, em que se as equipas estiveram mais batalhadoras do que inspiradas, também o Belenenses mandou uma bola ao ferro, numa oportunidade enorme de golo de Meyong. O que só vem mostrar como as equipas foram tão iguais. O empate, nesse sentido, não sofre contestação.