P.S. (Para Seguir) é um espaço assinado pelo jornalista Nuno Travassos, que pretende destacar jogadores até aos 21 anos. 

A 2 de janeiro, dia em que Hany Mukhtar veio a Lisboa comprometer-se com o Benfica, houve outro campeão europeu de sub-19 que festejou uma grande transferência: Joshua Kimmich, médio da seleção alemã que derrotou Portugal na final de Budapeste, foi anunciado como reforço do Bayern de Munique, numa mudança para concretizar no verão.
 
Embora esteja no Red Bull Liepizg há um ano e meio, a transferência de Kimmich foi negociada também com o Estugarda, o clube onde chegou com 12 anos, e que tinha uma opção de recompra que acionou por 750 mil euros, para depois receber sete milhões de euros com a venda do jogador ao Bayern (para Liepzig seguiu um milhão e meio).
 
Um investimento avultado por um jogador de apenas 19 anos, que até estava «escondido» no segundo escalão, mas com um perfil que encaixa perfeitamente na filosofia deste Bayern de Munique.

Na filosofia de Pep Guardiola.
 
Estarmos a falar de um dos melhores médios defensivos da história do futebol, é bom lembrar, e esse papel assume especial preponderância nas equipas que o catalão treina, no seu estilo bem vincado.
 
Se em Barcelona contou com Sergio Busquets, um jogador que tinha crescido com as mesmas ideias, Guardiola decidiu agora, para a segunda época em Munique, recrutar Xabi Alonso.

A escola pode não ser exatamente a mesma, mas o perfil é. Sem esquecer o trajeto do médio basco da seleção espanhola, que se inspirou nos princípios de La Masia para quatro anos dourados (vitória em dois Europeus e um Mundial).
 
Joshua Kimmich não é espanhol, mas a revolução que devolveu a alegria ao futebol alemão baseia-se em idênticos princípios. E a idade será sempre um aspeto secundário de uma contratação que segue o perfil da equipa.
 
Kimmich pode não conseguir afirmar-se no Bayern (isso depende de tantas variáveis…), mas faz sentido. O que nem sempre se pode dizer de uma contratação. 

Pela capacidade para pegar no jogo em zonas recuadas, mesmo sob pressão alta, e funcionar sempre como um porto de abrigo. Ser o epicentro da equipa, uma linha de passe sempre disponível. Pela segurança no passe, privilegiando o futebol apoiado, obviamente compatível com a verticalidade que aproxima a equipa do golo e que desequilibra a organização defensiva do adversário.
 
Está longe de ser um «armário», com 1,76 metros de naturais limitações no jogo aéreo. Mas compensa isso com inteligência, com leitura de jogo, com qualidade técnica.

E para Guardiola o «cabedal» é secundário, se a ideia é conservar a bola, e de preferência junto à relva.

A exibição de Kimmich na final do Europeu de sub-19, frente a Portugal: