P.S. (Para Seguir) é um espaço assinado pelo jornalista Nuno Travassos, que pretende destacar jogadores até aos 21 anos. 

 
Entre os três «grandes» o FC Porto é aquele que menos tem rentabilizado a formação, mas nas suas fileiras mais jovens tem os três nomes mais promissores para ocupar uma posição cronicamente carenciada no futebol português.
 
Basta ter em conta a realidade da Seleção Nacional nos últimos anos para identificar não só uma escassez de soluções para a posição «9», como também um conflito relativamente ao perfil. Entre avançados tecnicamente evoluídos mas pouco eficazes, ou goleadores de sangue frio mas alheados da circulação de bola, o futebol português reclama um avançado completo, um «9» nível mundial.
 
O FC Porto tem o melhor curso de ponta de lança, com três alunos bastante promissores. Jogadores ainda muito jovens, com um longo caminho pela frente, num trajeto cheio de interrogações, mas avançados com características que encaixam nesse perfil.
 
Depois de Gonçalo Paciência (20 anos) e André Silva (19) aparece agora Rui Pedro a ganhar protagonismo na escadaria do futebol azul e branco. Titular na equipa de sub-19, tem dez golos em catorze jogos esta época. Números que seriam interessantes em qualquer contexto, mas ainda mais se tivermos em conta que se trata de um jogador de apenas 16 anos.
 
Rui Pedro ainda podia jogar pelos juvenis (sub-17) mas até já foi, inclusivamente, chamado aos trabalhos da equipa principal, quando Julen Lopetegui estava privado dos jogadores internacionais. Um sinal da qualidade que a estrutura azul e branca atribui ao jovem natural de Pedorido, Castelo de Paiva.
 
Um pouco à imagem de Gonçalo Paciência e André Silva, Rui Pedro é um avançado tecnicamente evoluído, que se movimenta bem fora da área, à procura de combinações com os médios, e também capaz de aparecer pelos flancos, inclusivamente a criar desequilíbrios nos duelos individuais. Mas ao mesmo tempo mostra presença na área, com boa capacidade física (não se nota a diferença de idade para os colegas e adversários) e pragmatismo na finalização. Isto tudo aliado a um espírito combativo tão próprio daquela região do país, e que tão bem combina com os atributos técnicos. Não dá nenhum lance por perdido, valorizada cada «migalha» que pode transformar-se em oportunidade de golo, e morde a língua quando tem de ser a primeira barreira defensiva.
 
Mas Rui Pedro tem apenas dezasseis anos, importa lembrar. O que está para a frente, e que é incerto, é bem mais do que aquilo que já mostrou. A matéria-prima tem qualidade, mas a construção de um jogador depende de inúmeros parâmetros. Do contexto familiar às lesões, sem esquecer a gestão que o próprio clube faz do seu crescimento. Para já é bom sinal que o FC Porto o tenha colocado na equipa de sub-19, num contexto competitivo adaptado à sua qualidade, onde pode evoluir mais do que se permanecesse nos sub-17.