Época fantástica no Belenenses - 39 jogos oficiais, sete golos - e transferência para o Benfica. Pelé foi uma das grandes figuras no mercado de transferências, mas acabou por não conseguir um lugar no plantel às ordens de Rui Vitória.

Em entrevista ao Maisfutebol, Pelé assume a «tristeza» pela saída da Luz, após ter treinado duas semanas, mas sublinha a correção do treinador Rui Vitória em todo o processo.

Dos dias no Seixal sobram os elogios ao capitão Luisão - «adorei conhecê-lo» - e à qualidade de dois jogadores do plantel: Nico Gaitán e Jonas. «Os do costume». 

Bryan Cristante, ex-colega no AC Milan, também merece uma longa observação, tal como Jorge Jesus, o responsável pela chegada de Pelé ao Benfica. «Ele ligou para o Belenenses a perguntar a minha idade».


Foi contratado pelo Benfica e não ficou no plantel. Ficou surpreendido?
«Surpreendido, não. Fiquei triste. Porque queria muito fazer parte do plantel e trabalhei muito para isso. No Olhanense (2013/14) fiz uma época desastrosa e raramente jogava, muito por culpa minha, mas meti na minha cabeça que tinha de mudar. Por isso as coisas correram-me muito bem no Belenenses e assinei pelo Benfica».

Quem é que o informou do empréstimo?
«Quando assinei pelo Benfica, os responsáveis disseram-me que depois me ligavam para estar na apresentação oficial. Não me disseram mais nada e vi nos jornais que o meu nome não estava na lista inicial. Não baixei os braços, continuei a treinar e acabei por ser chamado mais tarde. Treinei duas semanas com o plantel do Rui Vitória e fiquei satisfeito com o que fiz».

O que lhe disse o treinador?
«Tive uma conversa com o Rui Vitória que me agradou. Ele foi correto comigo. Disse-me que tinha muitos médios defensivos e que era difícil encaixar-me no grupo. Também me disse que depois da época que fiz no Belenenses não fazia sentido estar parado, sem jogar. Concordámos que era melhor eu ser emprestado e que se as coisas me corressem bem podia voltar em janeiro».

Já teve alguma informação do Benfica nesse sentido? Vai voltar à Luz em janeiro?
«Tive propostas para ir para fora e não fui porque quero mostrar o meu valor em Portugal, no Paços e no Benfica. Não me preocupo em voltar já em janeiro, quero é ajudar o Paços. O que tiver de acontecer, acontecerá. Agradeço muito ao Paços por tudo o que me está a proporcionar».

O Luisão é mesmo o patrão do balneário, como se diz?

«Sim, é muito boa gente, é um verdadeiro capitão. Estive no balneário e vi que é muito respeitado por todos. Falou comigo, aconselhou-me, adorei conhecê-lo».

Nessas duas semanas, algum jogador o impressionou no relvado?
«Os dois do costume (risos). O Jonas e o Nico Gaitán. São muito bons, craques».  

Jogou com o Cristante no AC Milan. Afinal, tem valor ou não para jogar no Benfica?
«É um bom jogador. Ele era mais novo, mas já jogava na equipa Primavera (Sub20) do Milan. É o típico médio italiano, joga muito naquele círculo central, sem grandes movimentos. Mas mete a bola onde quer e tem um remate fantástico. Dizia-lhe sempre que ele tem de arriscar e rematar mais. Ele nunca arriscava. O ano passado vi-o a marcar um golo pelo Benfica [Arouca, na Luz] e foi de fora da área. Tem de apostar mais nisso, pois tem muita qualidade».

Arrisca um resultado para o Sporting-Benfica?
«É difícil porque é um jogo de Taça, vai ser muito aberto… As equipas conhecem-se bem, é um dérbi, tudo pode acontecer. Acredito no Benfica».

Do outro lado vai estar o Jorge Jesus. Foi ele o responsável pela sua ida para o Benfica?
«Sim, ligou às pessoas do Belenenses a perguntar a minha idade. Depois sugeriu ao Benfica a minha contratação. Nunca trabalhei com ele, mas foi importante para a minha carreira. Todos os que o conhecem, dizem-me que percebe muito, muito de futebol».