Mancha amarela sobre o negro. Entrou a ganhar o Paços na Liga 2015/16. No photo-finish, não por ser sobre a meta, mas porque tudo se decidiu nos detalhes. O duelo, esse, foi amarrado quase de início a fim. E de nervos. Com maior ascendente dos homens de Jorge Simão, é certo. Daí que a vitória, assim pela margem mínima, seja justa.
 
As principais (ou o maior número de) ocasiões de golo foram da equipa que venceu e como pode isso não justificar o 1-0 final? O Paços não entrou melhor, não esmagou e não conseguiu matar o jogo para terminar a noite mais tranquilo. Mas fez mais do que a Académica na hora decisiva.
 
É verdade que a equipa de José Viterbo deu, também, bons indicadores mas parece, ainda, um projeto menos consolidado. O Paços não estando acabado, longe disso, mas já é mais equipa. Mesmo tendo mudado mais.
 
Desde logo no banco, com Jorge Simão. Mas também em campo: seis reforços foram titulares, o que perfaz mais de meia equipa. Na Académica, a defesa, por exemplo, é a mesma da época passada com o acréscimo de Emídio Rafael, longe de ser uma cara desconhecida. No miolo mudaram os alas e se Nii Plange pouco fez, Bouadla mostrou que pode ser uma referência na equipa. Não tanto, contudo, como Gonçalo Paciência que, no primeiro jogo na nova equipa, mostrou faceta de líder. Faltaram-lhe oportunidades.
 
A ele e a todo o grupo, de resto. Exceção feita a um remate de Obiora no primeiro tempo, após roubo de bola de Bouadla, e a um cruzamento/remate de Nii Plange no início da segunda parte, a Académica foi agradável mas pouco perigosa. Uma visita que não incomodou tanto como poderia. E deveria, acrescentará José Viterbo, certamente.
 
Aproveitou o Paços, claro. Entrando mal, pois, de início, a bola foi quase só dos estudantes, a equipa de Jorge Simão soube equilibrar-se, sobretudo pela ação de Christian, Pelé e André Leal. Se o meio campo, costuma dizer-se, é o pulmão da equipa, os pacenses parecem ter um de boa saúde.
 
E, depois, no momento chave, apareceu Roniel. E a palavra não foi escolhida ao acaso. O brasileiro, ex-FC Porto B, estava muito apagado até ao golo que decidiu o jogo, já na reta final da primeira parte. Foi a partir desse momento, em que aproveitou o espaço entre o central e o lateral que Fernando Alexandre (caído em luta com Cícero) não preencheu e rematou forte, entre Trigueira e o poste.
 
Ganhou confiança com o golo e assumiu-se como figura pacense até sair. De cabeça, no segundo tempo, atirou perto. Outros dois remates saíram ao lado. De apagado passou a jogador chave e desbloqueou o atado duelo da Mata Real.
 
Viterbo ainda tentou a sorte com Ivanildo e Rabiola, primeiro, e Hugo Seco, depois, mas faltou imaginação. Jogar com dois avançados não significa atalho para o golo. É preciso que a bola lá chegue. E é esse o trabalho a fazer para transformar em pontos as boas ideias.
 
O Paços, por seu turno, já tem três. Para a meta traçada por Jorge Simão, já só faltam 45.
 
Para o fim fica só uma breve referência às expulsões de Ricardo Nascimento e Diogo Jota. Apenas para que o filme fique completo. Justas, ambas. O futebol não é aquilo. E o jogo desta noite, que não foi brilhante mas foi agradável, merecia ser lembrado pelos livres venenosos de Christian, os pormenores de Gonçalo Paciência e, sobretudo, o golo de Roniel.

Que o holofote final paire sobre eles, então.