O presidente do Paços de Ferreira, Paulo Meneses, revelou nesta segunda-feira que vai fazer uma participação disciplinar, devido aos incidentes ocorridos nos Açores após o jogo com o Santa Clara.

O dirigente acusou ainda a Liga de mentir sobre as razões que levaram ao adiamento do jogo entre açorianos e pacenses, de sábado para domingo, e que vai dar azo a um protesto formal.

Menezes começou por argumentar que esse protesto tem por base «a norma do artigo 94, que tem a ver com condições técnicas» para a realização de um encontro.

«Esta situação começou no passado sábado, no momento em que nos apercebemos que não estavam reunidas as condições técnicas para que o jogo se realizasse», começou por contar o dirigente.

Santa Clara e Paços deviam ter-se defrontado no sábado e, de acordo com a Liga, nenhum regulamento foi violado, pois foram as condições climatéricas que levaram a que as marcações do terreno de jogo não ficassem visíveis.  

«Estive em permanente contacto com a equipa e também tendo feedback de todos aqueles que eram responsáveis por fiscalizar essas situações e, chegada a hora de jogo, não estavam verificadas as condições devido às marcações do campo», afirmou o presidente do Paços também.

Argumenta Paulo Meneses que a suspensão do pontapé de saída «não teve a ver com as condições climatéricas e do relvado» e foi mais longe: «Desafio qualquer um a ter uma imagem de uma bola a circular no relvado para ver se, porventura, o árbitro foi ao relvado verificar se essas condições existiam ou não.»

Ora, perante as circunstâncias, diz o líder pacense, «verificou-se que não havia condições» para a partida se iniciar.

«Não obstante a tal não ser obrigado, o P. Ferreira anuiu em arranjar uma solução alternativa para que fossem feitas as marcações desde que se cumprisse com essa finalidade, com a visibilidade e com as exigências para que o jogo se realizasse», acrescentou.

Foi depois desse momento que, diz o dirigente, as coisas começaram a correr pelo pior.

«Aceitámos que o jogo fosse atrasado meia-hora. De meia hora, passou a uma hora, depois a hora e meia, para as 22h00. Ficámos estupefactos quando, apesar da boa vontade do Paços de Ferreira, chegámos à conclusão que o que vinham a aplicar era material alternativo, um que não tinha sido falado. Para além de ser irregular e ilegal é [um material] perigoso para todos os agentes desportivos presentes. Pior do que isso, foi querer camuflar a situação, mentindo! Disseram que estavam a aplicar cal morta, assim é designada, que colocaram com designação de cal viva. O que sucedeu foi que a equipa de arbitragem perante este perigo iminente comunicou que se recusava a realizar o jogo naquelas condições. Vir dizer algo que não seja isto é faltar à verdade.»

Paulo Meneses imputa, assim, responsabilidades «a quem as tem, e neste caso quem as tem é o clube visitado, que tem de proporcionar todas as condições para o jogo decorrer».

O órgão presidido por Pedro Proença também não escapa à acusação do dirigente pacenses: «Dizer, como a Liga disse, que estamos perante situações que não se controlam porque têm a ver com as condições climatéricas, é faltar à verdade e daí eu tê-lo dito! Tive ocasião de o dizer aos responsáveis da Liga. Não posso pactuar com essa situação!»

O líder do clube pacense justificou ainda os passos dados em todo o processo desde que o árbitro determinou não haver partida.

«O Paços de Ferreira de imediato comunicou a intenção de protestar o jogo. O processo do jogo iniciou-se no sábado, suspendendo-se para continuação para o dia seguinte. Porque não se encerra aí esse processo, o Paços fez saber que era sua intenção protestar o jogo, ainda antes de haver qualquer resultado desportivo, fosse uma vitória ou uma derrota. Por indicação da Liga, antes do jogo, o P. Ferreira fez um requerimento que fez juntar ao dossiê do delegado dando conta da intenção de protesto.»

Explica Meneses que «se não o fizesse, não poderia fazer agora um protesto formal que tem de apresentar em três dias subsequentes à data do jogo, pese embora ter de se pagar milhares de euros por custas».

O presidente do Paços completou que o clube «não fará só isso», pois «vai protestar e vai fazer uma participação disciplinar» não só pelo que aconteceu entre sábado e domingo, «mas também por coisas que se terão passado no final do jogo após o flash-interview do nosso jogador Pedrinho».  

Nesse sentido, «o Paços teve o cuidado de pedir à Liga os relatórios dos delegados e da arbitragem para fazer o seu protesto» formal.

«A Liga respondeu-nos que estavam no CD da FPF e que devíamos solicitá-los. Pedimos de imediato e esperamos que eles disponibilizem a qualquer momento», concluiu.