A primeira é sempre a primeira e, por isso, o Paços de Ferreira vai saborear o triunfo sobre o Vitória de Setúbal (1-0) como o feito especial que merece. Vasco Seabra já ganha na Liga, os castores igualam os sadinos na tabela com seis pontos, num jogo decidido por Pedrinho, no segundo tempo. Um jogo nem sempre bem jogado e em que o empate até seria mais justo face ao que se viu.

Este seria o resumo normal da partida, mas há um lance, entre todos os outros que não o golo de Pedrinho, que se destaca e que fará perdurar este duelo que abriu a 6.ª jornada da Liga por mais uns tempos.

O Maisfutebol orgulha-se de evitar dar protagonismo excessivo a temas de arbitragem, mas num jogo decidido ao pormenor é impossível passar por cima da decisão mais difícil para Vítor Ferreira, o árbitro do encontro. O remate de João Amaral que Mário Felgueiras largou, no início da segunda parte, parece mesmo ter entrado na baliza do Paços, depois de se assistir às imagens televisivas.

É verdade que o vídeo-árbitro, neste caso João Capela, tem ordens para só alterar a decisão inicial quando tem a certeza que é o correto e este não foi um lance fácil. Convém sempre sublinhar esse ponto prévio. Porém, a rapidez com que foi tomada a decisão, além da importância que poderia ter para o jogo levanta a questão: não faria sentido, pelo menos, o árbitro principal usar o monitor existente junto ao relvado?

A verdade é que, rapidamente, ficou decidido que a bola não entrou totalmente e o jogo seguiu em branco. Mas por pouco tempo. Aos 56 minutos, cinco depois da confusão, o Paços de Ferreira conseguiu o que já não se via desde o primeiro quarto de hora: uma jogada com princípio, meio e fim. E final feliz, ainda por cima.

O início foi Welthon, com um passe picado, o meio foi Luiz Phellype, com o toque para Pedrinho que, por fim, encheu o pé para o golo.Rude golpe para os sadinos.

José Couceiro não demorou a mudar o esquema, juntando Edinho a Gonçalo Paciência na frente, acrescentando Allef à equação pouco depois. Vasco Seabra refrescou o ataque, primeiro, trocando o apagado Welthon (só se viu no inicio da jogada do golo) por Diego Medeiros. Reforçou o meio campo, depois, com Vasco Rocha em vez de Xavier.

Tudo isto num jogo em que o Paços entrou muito mudado em relação ao último embate da Liga. Foram quatro as alterações, com Rui Correia e Quiñones a fazerem a estreia absoluta a titular. Luiz Phellype e Mateus foram as outras novidades, nos lugares de Diego Medeiros e Gian. José Couceiro, por seu turno, surpreendeu com Willyan no lugar que vinha sendo de João Teixeira, além de fazer regressar Nuno Pinto, que falhara o último jogo por lesão.

As equipas entraram atrevidas e antes dos dez minutos já tinha havido dois remates para cada lado. Mais perigosos os do Paços de Ferreira, sobretudo num cabeceamento de Rui Correia que obrigou Trigueira à defesa da noite. Mas este início agitado foi sol de pouca dura. Promessas perdidas.

O jogo entrou numa onda de luta e mais luta. Quezília uma atrás da outra. Mais vontade do que qualidade. O intervalo surgiu já com aquele início interessante como uma distante saudade. O segundo tempo, que teve, então, a polémica e o golo, também não foi muito diferente, apesar disso.

Depois de feito o 1-0, o Vitória só ameaçou a sério num cabeceamento de Willyan que Felgueiras deteve e o Paços só ficou perto do segundo no lance mais bonito do encontro já em período de compensação: um tiro em arco de Pedrinho que esbarrou no ferro. O golo era lindo, o castigo seria ainda mais cruel para a equipa de Couceiro.

Fica o resultado para a história. A noite em que uma bomba de Pedrinho acabou com a monotonia, mas, certamente, não fará dissipar a polémica.