Visionário, inconsciente, genial: Antonin Panenka. A 20 de junho de 1976 patenteou a sua marca, o penálti à Panenka. A Checoslováquia derrotou a RFA na final do Europeu, o avançado do Bohemians gravou o nome na galeria dos imortais.

As décadas passam, checos e eslovacos desagregaram-se, Panenka leva uma vida «pacata» em Praga e preside ao clube que sempre amou: o Bohemians.

No preciso dia em que se cumprem 36 anos desde aquele pontapé desconcertante, véspera de um Rep. Checa-Portugal no Euro2012, o Maisfutebol entrevista Antonin Panenka.

«36 anos? Pois é, nem me lembrava. Este ano não celebro. Já celebrei que chegasse esse momento», diz-nos, visivelmente feliz e surpreendido pelo contato.

«Empate 1-1 e ganha a Rep. Checa nos penáltis»

Sepp Maier a cair para a esquerda, Panenka a picar a bola e a fazer um chapéu atrevido. A Checoslováquia estivera a ganhar por 2-0, deixou-se empatar e tudo foi dirimido num inédito desempate por grandes penalidades.

«As pessoas pensam que era doido, mas eu fazia aquilo muitas vezes. Fazia e voltei a fazer depois», explica Panenka. «Treinava diariamente desde adolescente os penáltis, livres e cantos diretos. Nem sempre a bola saía bem, mas quase sempre», sublinha, numa gargalhada.

Nervos, tremeliques, ansiedade? Nada. Antonin Panenka partiu para a bola mais frio do que um cubo de gelo.

«Nem o Maier me assustou. O Hoeness tinha falhado e eu sabia que se marcasse éramos campeões. Decidi fazê-lo no mais belo dos estilos para que não me esquecessem. 36 anos depois, aqui está o senhor jornalista de Portugal a telefonar-me».

Poucos saberão mas, anos mais tarde, Sepp Maier vingou-se de Panenka. «Sim, num Bayern-Bohemians [1979/80]. Rematei normalmente e ele apanhou-me a bola. Devia ter arriscado marcar à Panenka. Fui tonto».

«Era bom tecnicamente mas não tinha força»

Todos os amantes do futebol falam deste penálti, alguns imitam-no, mas poucos saberão a vida e obra do seu autor. Quem era, afinal, Panenka?

«Bem, eu era um jogador bom tecnicamente, mas fisicamente fraco. Diziam que exagerava nos dribles e talvez fosse verdade», diz ao nosso jornal, embalado em memórias passadas.

Nós contamos o resto. Panenka representou o Bohemians Praga de 1966 a 1980. Mudou-se para a Áustria, jogou no Rapid Viena, no St. Polten e no SK Slovan até 1989. Fez 59 jogos e 17 golos pela Checoslováquia. É lembrado até hoje apenas por um.

O penalty de Panenka: