Jean-Pierre Papin, antigo internacional francês, tem acompanhado com particular atenção o Campeonato do Mundo da Alemanha, no papel de comentador do jornal «La Voix du Nord». O ex-jogador defende o recurso ao vídeo para dissipar dúvidas que surgem ao longo do encontro, utilizando como exemplo a experiência vivida a 18 de Abril de 1990, em pleno Estádio da Luz.
Depois de uma derrota em Marselha (2-1), o Benfica conseguiu inverter a tendência da meia-final da Taça dos Campeões Europeu, com um golo solitário que gerou enorme polémica. Papin assistiu «in loco» ao desvio de Vata com a mão, encaminhando a bola para a baliza deserta. O antigo internacional gaulês não esconde a sua amargura, 16 anos depois.
«No Marselha, falhámos a presença na final da Taça dos Campeões Europeus por causa de um golo do Benfica marcado com a mão. Toda a equipa encarou esse momento como uma grande injustiça», recordou Jean-Pierre Papin, para explicar como o recurso às imagens poderia evitar o que considera serem «erros grosseiros».
O Maisfutebol recuperou esse episódio no recém-editado «Sport Europa e Benfica», recolhendo o depoimento de Mozer, ex-benfiquista que alinhava, na altura, no Marselha de Bernard Tapie. «Subo a escada e vejo o Eusébio do outro lado. Quando ele passa por mim, surge um barulho ensurdecedor, que nem no Maracanã ouvi. Aí eu pensei: pronto, perdi o jogo. Tínhamos grandes jogadores como Papin, Chris Waddle, Abedi Pelé, mas não conseguimos render. Só o golo de Vata não foi normal», recordou o defesa-central.
Os 120 mil espectadores presentes no Estádio da Luz viria a despedir-se do Marselha com mimos ao presidente. «Bernardette», foi o apelido escolhido pelos encarnados para Tapie, depois do golo salvado de Vata, ao minuto 83. Na final, o Benfica acabaria por perder com AC Milan (0-1).